BINÓCULOS

iFood é alvo de espionagem

CEO diz à CNN que funcionários estão sendo abordados para revelar segredos.

08 de outubro de 2025 - 03:15
Quem está de olho na iFood? Foto: Depositphotos.

Quem está de olho na iFood? Foto: Depositphotos.

O iFood está sendo alvo de espionagem empresarial, com consultorias oferecendo valores de até R$ 5,5 mil para conversar com funcionários e levantar segredos internos da empresa.

É o que garante o CEO da iFood, Diego Barreto. Em entrevista ao CNN Money, ele disse que já foram registradas mais de 170 mensagens nos últimos meses, mirando principalmente executivos das áreas de negócio, tecnologia e comercial.

Para Barreto, trata-se de um “ataque coordenado e sistemático” de espionagem, no qual empresas dizem querer coletar dados sobre o mercado como uma porta de entrada para levantar informações sensíveis da companhia, como dados de faturamento, modelos de precificação e estratégias de investimento.

A estimativa interna da iFood é que, como nem todo mundo reporta o assédio (e alguns inclusive talvez aceitem ele), pelo menos 500 pedidos do tipo já devem ter sido feitos, inclusive por “consultorias baseadas na China”.

Os valores ofertados variam de US$ 250 a US$ 400 (cerca de R$ 1,3 mil a R$ 2,1 mil  por uma hora de conversa). A maior oferta foi de R$ 5,5 mil por informações. A iFood mostrou à CNN registros de abordagens por e-mail e mensagens no LinkedIn.

Segundo o CEO, protocolos internos de segurança e compliance foram reforçados. Ele afirma também que o iFood já encaminhou o caso para autoridades nas esferas civil e criminal.

“O mercado brasileiro de delivery é um dos mais competitivos e inovadores do mundo, e naturalmente desperta interesse global. Mas esse interesse precisa se materializar em concorrência leal, com respeito à ética e às leis”, disse Barreto à CNN Money.

Barreto não mencionou quem poderia estar por trás da espionagem, mas nem precisa. A iFood tem hoje 70% do mercado de entregas no país. Não faz muito, a 99 decidiu voltar a operar o 99Food e os chineses da Ketta anunciaram sua chegada no país. Outro concorrente é o Rappi.

A CNN Money procurou todo mundo. A Rappi afirmou que não vai comentar o assunto.

Em nota, a 99Food disse que “não está conduzindo ou participando de qualquer iniciativa que envolva a interação com profissionais do mercado de delivery, com o intuito de realizar consultoria ou qualquer tipo de obtenção de informações”.

Por meio de nota, a Ketta disse que "não contrata empresas para abordar indivíduos em seu nome para os propósitos mencionados nos fins citados na matéria".