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Investimento em startups cai 44%

Aportes de grande valor foram os que mais caíram. Na base da pirâmide, as coisas vão melhor.

07 de julho de 2022 - 13:12
Cenário macroeconômico fechou a torneira dos aportes. Foto: Pexels.

Cenário macroeconômico fechou a torneira dos aportes. Foto: Pexels.

O valor total investido em startups no Brasil levou um tombo no primeiro semestre do ano, caindo 44%, para um total de US$ 2,92 bilhões ao longo de 327 transações.

No mesmo período do ano passado, foram US$ 5,26 bilhões em 416 deals. 

Os dados fazem parte do mais recente Inside Venture Capital produzido pela plataforma de inovação Distrito, com apoio do Bexs Banco.

A queda nos investimentos se deu principalmente no segundo trimestre, tanto no volume quanto na quantidade de transações fechadas. 

No mês de junho, foram US$ 343 milhões captados em 45 rodadas, frente ao recorde de US$ 2,14 bilhões em 2021, ao longo de 76 negociações. 

“As startups brasileiras sentiram os efeitos do cenário macroeconômico. Diante disso, muitas empresas estão mudando a operação privilegiando caixas mais sustentáveis em detrimento do crescimento exponencial”, afirma Gustavo Araujo, cofundador do Distrito.

O quadro macroeconômico é conhecido: inflação, juros altos e crise política global. As consequências também: demissões, em uma escala nunca antes vista no emergente cenário de startups brasileiro.

A notícia boa do estudo da Distrito é o volume investido nos estágios iniciais, que cresceu no primeiro semestre de 2022. 

As rodadas do tipo seed (anjo, pré-seed, seed) saltaram de US$ 151 milhões em 2021 para US$ 282 milhões este ano, enquanto os rounds early stage (que compreendem as séries A e B) passaram de US$ 1,23 bilhão para US$ 1,39 bilhão. 

A queda se concentrou, portanto, nas startups em estágio avançado de crescimento, onde tem acontecido os maiores cortes de pessoal.  Na comparação anual, o montante desse grupo caiu de US$ 3,87 bilhões para US$ 1,24 bilhão. 

“A correção de valuation tende a afetar startups mais maduras, principalmente as que têm porte de unicórnio”, diz Araujo. “Empresas iniciantes que tenham um bom time e solucionem dores relevantes do mercado ganham espaço agora”, projeta o especialista. 

As fintechs seguem liderando o ranking de investimentos por setor. As startups de serviços financeiros levantaram US$ 1,36 bilhão neste primeiro semestre. Na sequência aparecem as retailtechs (US$ 366 milhões) e HRtechs (US$ 247 milhões). 

As três principais captações do ano até o momento também foram em fintechs: Neon (US$ 300 milhões), Creditas (US$ 260 milhões), e Dock (US$ 110 milhões).

As fusões e aquisições no mercado de startups também tiveram uma retração no primeiro semestre, de 118 para 110 transações. Apesar da queda de cerca de 7%, o resultado é considerado positivo para empresas de tecnologia e corporações que buscam fusões e aquisições.

“A correção nos valuations que as empresas de tecnologia estão sofrendo as torna mais acessíveis às oportunidades de aquisição”, completa Araujo. Metade dos M&As tiveram outra startup como compradora no primeiro semestre de 2022.