
Rubens Bulgarelli Filho, gerente heral da Inwave.
A Inwave, empresa brasileira especializada em tecnologia para evitar furtos no varejo, acaba de comprar a sueca Gateway, atuante no mesmo nicho de mercado.
Não foi revelado o valor da operação, que contou com o envolvimento do fundo dinamarquês DSG, dono de uma participação não revelada na nova empresa.
Fundada em 1994, a Gateway está presente em mais de 120 países, por meio de uma rede de 70 distribuidores e é especialmente forte na Europa, onde está presente em grandes varejistas.
Com a compra, a Inware dá um passo importante na sua internacionalização. Hoje, a empresa já exporta 40% do volume de hardware que fabrica no Brasil.
Com a aquisição, a Inwave passa a operar com duas bases internacionais, Brasil e Europa, mantendo a equipe local da Gateway na Suécia, incluindo Jenny Tielman, sócia da operação.
Tielmann é um nome chave, porque ela foi VP de vendas da Rosegrens Larm, uma das maiores empresas de software para o varejo da Suécia.
Trocando em miúdos, a Inware e a Gateway vendem soluções combinando etiquetas anti-furto, câmeras e software analítico que os varejistas usam para evitar furtos ou fraudes de funcionários, o que se chama no jargão do setor “perdas”.
A meta da Inware é fazer uma transição de fabricante de hardware para “retail tech integrada”, com foco em AIoT, big data e analytics em tempo real aplicados à operação de lojas físicas.
“Unimos expertises complementares para acelerar um modelo de varejo mais conectado, eficiente e orientado por dados. A chegada da Gateway fortalece nossa presença globalmente com uma marca de legado, respeitada tecnicamente e comercialmente”, afirma Rubens Bulgarelli Filho, gerente heral da Inwave.
Nos últimos cinco anos, a Inwave multiplicou seu faturamento por sete e se consolidou como uma das principais retail techs da América Latina.
A empresa atende grandes redes como Carrefour, Centauro, C&A, Continente (Sonae), Cencosud e Riachuelo.
O TAMANHO DO PROBLEMA
Pelas contas da Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe), com apoio da KPMG, o índice de perdas totais do comércio (que inclui erros, furtos e fraudes) registrou em 2023 o maior patamar da pesquisa, feita desde 2016.
A taxa atingiu, em média, 1,57% da venda em 2023, alta de 0,9% sobre 2022.
Parece pouco, mas o varejo brasileiro movimentou R$ 2,23 trilhões em 2023, segundo o IBGE, então, trata-se de uma perda estimada em cerca de R$ 35 bilhões.
Ao se considerar apenas a fatia projetada dos furtos (31,7%) dentro do bolo total, eles representaram pouco mais de R$ 11 bilhões.