GOLPE

Músico frauda streamings com uso de bots

Faixas foram criadas com IA e ouvidas por robôs, gerando US$ 10 milhões.

10 de setembro de 2024 - 17:49
Foto: Depositphotos

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Um produtor musical americano pode ter dado um golpe de mais de US$ 10 milhões (R$ 55 milhões na cotação atual) em diferentes plataformas de streaming de mǘusica, por meio de uma fraude sofisticada com tecnologias de ponta.

Michael Smith, 52 anos, foi preso acusado de ter criado milhares de músicas usando inteligência artificial (o que não é crime), para subir elas em diferentes plataformas e gerar plays falsos acionados por robôs. 

Segundo o site Music Ally, Smith chegou a gerar 661 mil reproduções por dia para uma série de artistas e bandas falsos.

Para “ouvir” os seus artistas fake, o produtor precisou criar contas falsas de streaming, utilizando endereços de e-mails comprados online (cerca de 10 mil), um processo que acabou sendo terceirizado.

Em seguida, criou um software que reproduzia as canções em loops, a partir de diferentes computadores, e, com o uso de VPN, simulava ouvintes individuais em locais distintos.

Smith calculou que, com essas ações, ele poderia receber até US$ 1,2 milhão em royalties em um ano. Em 2019, ele faturava cerca de US$ 110 mil por mês, com parte do montante indo para os cúmplices. 

Neste ano, em 2024, Smith se gabou de ter alcançado a marca de 4 bilhões de streams e de ter faturado US$ 12 milhões em royalties desde o início da fraude.

Os promotores americanos começaram a investigação após a organização Mechanical Licensing Collective (MLC) denunciar o suposto esquema, identificado pela startup antifraude Beatdapp. 

Um serviço de streaming, que preferiu não se identificar, também detectou sinais de alerta de fraude e corroborou as acusações realizadas pela MLC.

Criar músicas com uso de IA não é crime, mas gravadoras travam batalhas judiciais contra empresas que usam recursos de inteligência artificial para composições. 

Segundo o site Investnews, a Associação da Indústria Fonográfica da América (RIAA) entrou, este ano, com dois processos contra as startups Suno AI e Uncharted Labs – desenvolvedora da Udio AI.

A associação, em nome das gravadoras Universal Music Group, Warner Music Group e Sony Music Entertainment, alega que essas empresas de tecnologia treinam, de forma ilegal, seus modelos de IA usando uma grande quantidade de músicas protegidas por direitos autorais. 

A RIAA busca uma indenização de até US$ 150 mil por obra infringida, o que resultaria em um valor bilionário.

Enquanto isso, Michael Smith pode pegar até 60 anos de prisão por utilizar bots para inflar streams e, assim, receber royalties generosos. Os promotores alegam fraude eletrônica e conspiração para lavagem de dinheiro. 

Smith nega as acusações e afirma que as milhares de músicas são composições de sua autoria.