
Usuários iOS baixaram mais de 75 bilhões de apps em seis anos. Foto: Sergey Nivens/Shutterstock.
Nos primeiros anos após o lançamento da App Store, em 2008, histórias como a de Stuart Hall, que arrecadou US$ 56 mil em uma ano com um app que ele levou seis horas para criar, o 7 Minute Workout, eram comuns.
Parecia que qualquer pessoa com um mínimo de talento técnico poderia pegar carona no crescimento rápido do iPhone. Os usuários que adotaram os smartphones cedo pagavam alguns poucos dólares em apps para lista de afazeres ou de previsão do tempo bem concebidos.
"Havia toda essa idéia de que era uma mina de ouro", diz Hall, que agora dirige um serviço de análise de aplicativos chamado Appbot, em entrevista ao Financial Times.
Mas o 7 Minute Workout está começando a parecer uma excepção, e não a regra.
Desenvolvedores independentes se queixam de que apenas as maiores empresas conseguem ser notadas na App Store. O que antes era uma indústria próspera foi se industrializado, e a maioria dos aplicativos recebe nenhum ou poucos downloads.
Um estudo de mais de 10 mil fabricantes de aplicativos feito no mês passado pelo VisionMobile descobriu que 1,6% dos desenvolvedores faz mais dinheiro do que os outros 98,4% somados.
"Parece extremamente improvável que o mercado possa sustentar algo como a quantidade atual de desenvolvedores por muitos mais anos", concluiu o relatório.
Outra pesquisa, realizada pela Deloitte, constatou que quase um terço dos usuários de smartphones não baixam nenhuma aplicativo em um mês típico.
A dinâmica é intrigante. Uma crescente maioria das pessoas na Europa Ocidental e América do Norte agora possuem smartphones de alta capacidade.
Donos de iPhones e iPads já baixaram mais de 75 bilhões aplicativos nos últimos seis anos e loja online da Apple detém os detalhes do cartão de crédito de 800 milhões de pessoas.
Estes deveriam ser tempos de bonança para os desenvolvedores, e de acordo com os fabricantes de smartphones, eles são.
A Apple diz que a economia dos aplicativos criou cerca de 1 milhão de postos de trabalho na Europa e já pagou mais de US$ 20 bilhões para os desenvolvedores desde que a App Store foi lançada.
No entanto, em meio à riqueza aparente, o clima é sombrio entre os programadores independentes e empresas de pequeno porte que fazem a maioria dos aplicativos já disponíveis para os dispositivos iOS e Android.
Parte do problema decorre do sucesso da própria loja de aplicativos. Em 2008 ou 2010, os desenvolvedores dizem, os melhores aplicativos subiam para o topo das paradas - mesmo aqueles que cobravam um dólar ou dois.
Agora, com milhões de aplicativos para escolher, as lojas são dominadas pelas empresas que têm dinheiro para investir pesadamente em publicidade online.
Na tela pequena de um smartphone, as pessoas não passam muito tempo navegando ou pesquisando. Elas simplesmente olham o que todo mundo está baixando.
Somando-se ao problema de visibilidade está a facilidade com que outras empresas podem copiar aplicativos populares.
Quando o game Flappy Bird foi retirado abruptamente da App Store, em fevereiro, após o seu desenvolvedor dizer que seu sucesso surpreendente havia "arruinado" sua vida, dezenas de "homenagens" e clones inundaram as listas de mais baixados.
Outro exemplo é que apenas 21 dias após o lançamento do Threes, um jogo de quebra-cabeça que os criadores passaram mais de um ano em desenvolvendo, os primeiros copycats começaram a aparecer.
Jeremy Olson, fundador da empresa Tapity, lançou recentemente o aplicativo Hours para ajudar freelancers a controlar o tempo que passaram em vários projetos. Ele custa US$ 10 - um preço alto em uma loja dominada por aplicativos gratuitos.
"Nós tentamos criar aplicativos de 99 centavos e conseguimos um pouco de volume, mas é difícil ser sustentável. Nós queríamos tentar uma estratégia premium. Hours é principalmente um aplicativo de negócios e esperamos que as pessoas queiram pagar um pouco mais", diz Olson ao FT.
SFCD, uma agência digital sediada em Nova York, diz que até mesmo um aplicativo simples leva 25 dias para ser criado e custa ao cliente cerca de US$ 37 mil, com base em uma taxa horária de US$ 175 a US$ 200.
Um aplicativo mais sofisticado, usando a nuvem para sincronizar dados entre dispositivos, pode demorar cerca de 100 dias, custando até US$ 200 mil. Seria preciso uma enorme quantidade de aplicativos de 99 centavos para alcançar um retorno.