TELECOM

Operadoras: Anatel se passou na medida

SindiTelebrasil reclama que “a decisão foi baseada em queixas apresentadas ao call center da
Anatel, que não revelam as reais condições das redes que suportam os serviços”.

19 de julho de 2012 - 10:18
Foto: flickr.com/photos/scottlowe/150096834

Foto: flickr.com/photos/scottlowe/150096834

Para o SindiTelebrasil, a decisão da Anatel de suspender as vendas de novas linhas da TIM, Claro e Oi em vários estados brasileiros não se baseia na realidade do setor e pode até gerar problemas para a economia do país.

Em nota à imprensa, o sindicato das operadoras diz que a proibição pode afetar uma série de pequenas empresas, que têm como principal fonte de receita a venda de chips de celulares.

“Comprometendo inclusive a oferta de postos de trabalho”, diz a entidade.

O SindiTelebrasil reclama que “a decisão foi baseada em queixas apresentadas ao call center da
Anatel, que não revelam as reais condições das redes que suportam os serviços”.

PROBLEMA É A LEI
Além disso, o sindicato declara que tem cobrado das autoridades mudanças que facilitem melhorar a infraestrutura de telecomunicações.

“Só em Porto Alegre existem quase 100 pedidos para a instalação de antenas aguardando aprovação. Alguns desses pedidos foram apresentados há pelo menos quatro anos”, declarou o sindicato.

Porto Alegre tem se tornado um caso emblemático para o setor, em função das 250 leis, nas contas do sindicato, que limitam e atrasam a expansão dos serviços.

A capital gaúcha também foi a primeira a suspender as vendas das quatro maiores operadoras ao mesmo tempo. A suspensão vale desde a semana passada.

POSSÍVEL SOLUÇÃO
Enquanto um projeto de lei que muda as regras de licenciamento de antenas segue parado desde o ano passado na Câmara Municipal porto-alegrense, a união promete agilizar a lei federal.

O ministro interino das Comunicações, Cezar Alvarez, disse na noite dessa quarta-feira, 18, que o governo federal está disposto a preparar uma legislação de emergência para o compartilhamento de torres e de infraestrutura entre operadoras de celular.

O plano também envolve acelerar a criação de uma lei geral para a instalação de antenas no país.

“A nossa contribuição será total, o que podemos fazer estamos fazendo, mas as empresas têm que fazer a sua parte. Hoje, a bola está com elas”, disse Alvarez.

Regras transitórias para a Copa do Mundo e isenções tributárias para projetos de infraestrutura também são esperadas.

TIM: ANATEL EXAGEROU
Segundo o ministro interino, a suspensão imposta pela Anatel é extrema, mas necessária. A expectativa do governo é que as empresas apresentem ações para melhorar os serviços antes mesmo do prazo de 30 dias estipulado pela Anatel.

A suspensão atinge a Claro em três estados e a Oi em cinco.

Já no caso da TIM, são 19 unidades federativas sob a proibição. Para a empresa, trata-se de uma medida extrema e desproporcional.

Em o comunicado, a operadora diz que a decisão foi "aparentemente" baseada em dados e indicadores diferentes daqueles usualmente estabelecidos pela própria Anatel para acompanhar o desempenho da rede.

Para a Oi, a análise da Anatel está defasada em relação à evolução recente percebida na prestação dos serviços. “Os dados não consideram o esforço e a concentração de investimentos realizados nos últimos 12 meses”, diz a empresa.

A proibição da Anatel foi considerada dura demais por muitos analistas do setor.

"A agência tem uma série de mecanismos administrativos que poderiam ser usados. A suspensão é uma medida muito severa", disse ao jornal Valor Econômico o advogado Rodrigo Pinto de Campos, especialista em direito regulatório e infraestrutura no escritório Aidar SBZ Advogados.

Na avaliação de um analista, que prefere não se identificar, a medida foi uma forma de a agência "mostrar serviço" frente ao crescente número de reclamações. "Claramente, a agência se sentiu pressionada e teve que vir com alguma coisa", avaliou o analista.