Jéssica Fahl Ribeiro (Foto: Divulgação)
O morango do amor recentemente viralizou de uma maneira meteórica: tão rápido quanto surgiu, desapareceu do desejo dos consumidores. E acabou sendo mesmo apenas uma trend. Diferentemente do pistache, um produto que virou tendência e tem permanecido nas prateleiras constantemente desde que foi estrategicamente introduzido no mercado consumidor. Afinal, qual a diferença de uma trend para uma tendência?
Basicamente, o pistache precisava ser introduzido no mercado de maneira sustentável. Não era a estratégia vender tudo de uma vez, mas permanecer nas prateleiras para sempre. Então, é uma estratégia menos agressiva, passando por sensibilização, conscientização, parcerias, conteúdo e propaganda, levando tempo para se consolidar. O consumo do produto triplicou entre 2022 e 2024, com uma estratégia de consumo muito bem definida pelos Estados Unidos, um dos maiores produtores da semente no mundo. Não foi à toa a explosão de itens com a matéria-prima em supermercados, cafeterias e docerias, além de empreendedores e empresários que trabalham com a oleaginosa.
Após consolidar a tendência, o passo seguinte é a enxurrada do produto. E aí a gente tem a percepção de uma avalanche de pistache em tudo quanto era vitrine: padaria, restaurante, supermercado, delivery, festas, eventos. Diferentemente do morango do amor. Até porque o morango é um produto estabelecido no mercado. Os consumidores conhecem a fruta muito bem. Entretanto, provavelmente perdeu espaço, talvez para o pistache. Era necessário, então, estimular o consumo do morango. Nesse contexto é que surge a trend do morango do amor.
O fenômeno ganhou força e se tornou viral no Brasil entre junho e julho de 2025 ao potencializar o desejo de consumo de um doce que consiste em um morango fresco envolvido em um brigadeiro branco e coberto com uma calda de caramelo vermelho que se torna uma casca crocante. Embora o item já exista há alguns anos, explodiu nas redes sociais, impulsionando vendas e inflacionando a fruta. O ciclo de vida do morango do amor foi meteórico, estourou o consumo e já deixou de ser moda. Houve um desejo tão intenso que não se sustentou.
Nesse sentido é que empresários e empreendedores devem olhar para seus negócios e enxergar que tipo de produto ou serviço oferecem e que tipo de estratégia deve ser definida. Pode ser que seja necessário educar o mercado em relação a um produto ou serviço. E isso leva mais tempo para que o mercado aprenda a consumir e dar valor. Por outro lado, há situações em que é preciso potencializar uma venda, daí a necessidade de lançar uma trend para zerar um estoque. É algo que perderá força em seguida, mas se faz necessário.
*Por Jéssica Fahl Ribeiro, formada em Marketing e Propaganda pela Unopar e especialista em Gestão Estratégica de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).