
Imagens de satélite mostram a inundação. Foto: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O governo federal vai usar o cruzamento de dados de imagens de satélite com cadastros da Dataprev, estatal de tecnologia que atende a Previdência, para decidir quem vai receber o Auxílio Reconstrução, um pagamento de R$ 5,1 mil focado em ajudar os afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
O mecanismo foi definido no último final de semana em uma reunião com representantes do Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério da Gestão Dataprev e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) é o órgão responsável por fornecer imagens de satélite das áreas inundadas, a chamada “mancha”. Imagens em tempo real podem ser conferidas neste link.
Essas imagens vão ser cruzadas com informações de um sistema construído pela Dataprev, no qual prefeituras estão listando as ruas afetadas e o cadastro das famílias que ficaram desabrigadas ou estão desalojadas.
A partir dos dados coletados, cruza as informações do INPE, com as ruas, os endereços e nomes das pessoas que estão requerendo o benefício.
A dimensão da enchente histórica que atingiu o estado do Rio Grande do Sul foi registrada pelo Inpe em uma única imagem.
O satélite brasileiro Amazonia 1 capturou, no início do mês, uma área equivalente a 57% do território gaúcho. A foto mostra a inundação nas principais bacias hidrográficas atingidas pelas chuvas extremas.
“Em um evento de enchente de grande escala, como é este, o satélite é uma ferramenta essencial porque permite visualizar o global”, explica o pesquisador da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do INPE, Laércio Namikawa.
O pesquisador é o responsável pelas aquisições de imagens e ponto focal da Carta Internacional Espaço e Grandes Desastres (Disasters Chapter), uma iniciativa que reúne 270 satélites de 17 agências espaciais.
A colaboração internacional permite que, a partir do registro de um desastre de grande escala, os satélites integrantes da iniciativa sejam direcionados para adquirir imagens que auxiliem nas medidas de resposta a desastres.
A ativação para o desastre no Rio Grande do Sul adquiriu mais de 800 imagens e mais de 60 mapas estão disponíveis. O conjunto de imagens providas por satélite permite verificar a extensão dos danos em áreas plantadas, áreas industriais e residenciais.
O Amazonia 1 está equipado com a câmera de visão larga (sensor WFI) e fica em órbita baixa a cerca de 700 km de distância da Terra. Desenvolvido pelo Brasil para monitorar o desmatamento na Amazônia, o equipamento consegue ‘ver’ uma área de 800km de largura.
O sensor desenvolvido no Brasil sob demanda do Inpe está instalado no CBERS 4 e CBERS 4A, além do Amazonia 1. De acordo com o satélite, a resolução espacial da câmera pode variar entre 55 e 64 metros.
De acordo com Namikawa, câmera com essa capacidade é única no mundo. A frequência de aquisição de imagens varia de três a cinco dias, de acordo com o satélite. CBERS 4 e Amazonia 1 registram imagens do Brasil a cada três dias e CBERS 4A a cada cinco dias.
O estado do Rio Grande do Sul tem como área total mais de 281 mil km² e a imagem registrou cerca de 160 mil km². A imagem registrada capturou área de cerca de 400 km de largura, da região de Santa Maria até o litoral gaúcho, e 400 km de altura, abrangendo o Noroeste, acima de Passo Fundo, até a Lagoa dos Patos.
A imagem mostra a inundação das principais bacias atingidas pelas cheias, como Jacuí, Caí e Taquari, além dos rios Pardo, dos Sinos e o Guaíba.