IA

Gen IA vai apertar o sapato do CIO

O Gartner em algumas teses sobre o médio prazo da inteligência artificial generativa.

05 de dezembro de 2025 - 03:12
GenIA pode causar vários problemas para os CIOs. Foto: Depositphotos.

GenIA pode causar vários problemas para os CIOs. Foto: Depositphotos.

Onde é que vai apertar o sapato do CIO com toda essa onda de inteligência artificial generativa no médio prazo? O Gartner, referência número 1 para esse tipo de questões, tem uma resposta. 

Em um estudo recente, a consultoria elencou “pontos cegos críticos decorrentes de riscos negligenciados e consequências indesejadas” da adoção da GenAI. 

Segundo o Gartner, esses problemas vão criar até 2030 uma !linha divisória! entre as empresas que escalam o uso da IA de forma “segura e estratégica” e aquelas que ficam “presas, ultrapassadas ou desestabilizadas internamente”.

“As tecnologias e técnicas de GenAI estão evoluindo a um ritmo sem precedentes, acompanhado apenas pelo hype que as cerca, o que torna desafiador para os CIOs navegar nesse cenário dinâmico”, diz Arun Chandrasekaran, vice-oresidente Analista Emérito do Gartner.

Parece dramático, hein? Bom, sem mais delongas, vamos aos tais fatores:. 

Explosão da Shadow AI

Uma pesquisa do Gartner com 302 líderes em segurança cibernética, realizada entre março e maio de 2025, revelou que 69% das organizações suspeitam ou têm evidências de que seus funcionários estão usando GenAI pública proibida, o que costuma se chamar de “shadow IT”. .

A rápida adoção de ferramentas de IA não autorizadas pode causar perda de propriedade intelectual, exposição de dados e aumento dos riscos de segurança. 

O Gartner prevê que, até 2030, mais de 40% das organizações sofram incidentes de segurança ou conformidade relacionados com shadow AI não autorizada.

Os CIOS precisam levar a luz a esse mundo de sombras com políticas claras para o uso de ferramentas de IA em toda a empresa, auditorias regulares e incorporação dos riscos nos processos de avaliação. 

Dívida técnica da IA

O Gartner prevê que, até 2030, 50% das organizações enfrentarão atrasos nas atualizações de IA e/ou aumento dos custos de manutenção devido à dívida técnica não gerenciada da GenAI.

Dívida técnica é um jeito bonito de descrever os custos, retrabalho e problemas no futuro causados por soluções rápidas ou “atalhos” no desenvolvimento, o que se chama também de gambiarras.

“As empresas estão entusiasmadas com a velocidade de entrega da GenAI. No entanto, o custo punitivamente alto de manter, corrigir ou substituir artefatos gerados por IA, como código, conteúdo e design, pode corroer o retorno sobre o investimento prometido pela GenAI”, diz Chandrasekaran. 

Erosão de habilidades

A dependência excessiva da IA pode corroer a expertise, o julgamento e o conhecimento tácito críticos humanos que não são facilmente codificados ou substituíveis. Essa erosão ocorre gradualmente e muitas vezes passa despercebida, de modo que os CIOs podem não reconhecer o risco até que a organização tenha dificuldade para funcionar sem a IA ou quando a IA falhar em casos extremos que exigem intuição humana.

“Para evitar a perda gradual da memória e da capacidade da empresa, as organizações devem identificar onde o julgamento e a habilidade humanas são essenciais, projetando soluções de IA para complementar, e não substituir, essas habilidades”, diz Chandrasekaran.

Dependência e interoperabilidade do ecossistema

As organizações ansiosas por aproveitar o potencial da GenAI em escala geralmente escolhem um único fornecedor por uma questão de rapidez e simplicidade, o que gera uma dependência e pode afetar o poder de negociação futuro em relação a preços, termos ou níveis de serviço, aponta o Gartner.

Muitos CIOs subestimam o quanto seus dados, modelos ou fluxos de trabalho ficam vinculados a APIs, data lakes e ferramentas de plataforma de fornecedores específicos.

“Priorizar padrões abertos, APIs abertas e arquiteturas modulares no design de stack de IA ajuda as empresas a evitarem a dependência de fornecedores”, diz Chandrasekaran.