
Walter Delgatti Neto, na CPMI do golpe. Foto Lula Marques/ Agência Brasil
Os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), uma das instituições mais importantes do judiciário brasileiro, eram protegidos por senhas como “123mudar”, “CNJ123” e, como não, a super manjada “12345”.
Pelo menos, é que disse Walter Delgatti Neto, provavelmente o hacker mais famoso do Brasil, durante um depoimento na CPI dos Atos Golpistas, nesta quinta-feira, 17.
Delgatti deu a declaração ao ser questionado pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) sobre o plano de invasão ao sistema do CNJ.
Jandira afirmou que, segundo informações conhecidas por ela, as senhas eram “simples” e “idiotas”.
“A senha root, que é a senha master, que tem acesso a tudo, era ‘123mudar’, e a segunda senha mais segura era ‘CNJ123’”, respondeu Walter Delgatti Neto. “E a terceira, ‘12345’”, acrescentou.
Delgatti deve saber do que fala. Ele é investigado por invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça, para incluir um mandado de prisão contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.
O hacker foi preso no último dia 2, após uma operação da Polícia Federal, que também mirou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
Segundo o advogado do hacker, Ariovaldo Moreira, Walter Delgatti Neto foi contratado por Zambelli para "invadir qualquer sistema do Judiciário".
Em entrevista a jornalistas, Moreira declarou que o seu cliente recebeu R$ 40 mil pelo serviço.
No depoimento à CPI dos Atos Golpistas, Delgatti disse acreditar que o objetivo do plano "seria anular o resultado da eleição e a posse do presidente Lula".
Conhecido nacionalmente em 2019, quando vazou mensagens de diversas autoridades envolvidas na Operação Lava Jato, o hacker Walter Delgatti Neto afirmou ter se encontrado com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) para discutir possível invasão às urnas eletrônicas.
O encontro entre Bolsonaro e Delgatti teria sido articulado por Carla Zambelli.