TRABALHO

Sindpd quer pautar semana de 4 dias

Assunto vai entrar na negociação em 2024, promete sindicato paulista.

17 de agosto de 2023 - 08:41
Que tal um dia a menos? Foto: Divulgação

Que tal um dia a menos? Foto: Divulgação

O Sindpd, sindicato de TI de São Paulo, quer colocar a semana de trabalho de quatro dias na pauta de discussões sobre a nova Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria para 2024 que começa no fim do ano.

“Os benefícios da tecnologia precisam chegar aos trabalhadores. O setor de TI pode e deve ser pioneiro nessa área”, disse ao Convergência Digital o presidente do Sindpd, Antonio Neto

O sindicato paulista, de longe o mais influente do país, organizou nesta semana uma palestra sobre o tema semana de quatro dias com Renata Rivetti, fundadora da Reconnect Happiness at Work.

Rivetti falou da iniciativa “4 Day Week Global”, fundada em 2019 para testar a semana de quatro dias, atualmente em busca de empresas interessadas no Brasil.

O princípio utilizado é chamado de 100:80:100, isto é, 100% do salário, 80% da carga horária prevista e 100% de produtividade.

De acordo com Rivetti, o experimento feito no Reino Unido, com quase 3 mil pessoas e cerca de 60 empresas, levou à adesão final de 92% dos participantes.

“Excesso de distrações, excessos de reuniões, tecnologia que não é utilizada, comunicação falha. Tem gente que entra no Instagram 10 vezes durante o horário de trabalho. Não seria melhor tem um foco maior no trabalho durante 4 dias e ter um dia extra para fazer o que quiser?”, disse Rivetti ao Convergência Digital.

Que o Sindpd inclua o tema da semana de quatro dias na pauta de negociação com o sindicato patronal é uma coisa. Que isso signifique uma perspectiva realista de introdução da novidade, pelo menos no curto e médio prazo, é outra bem diferente.

A mera articulação de um objetivo desse calibre, porém, mostra o grau de confiança com que o Sindpd vem operando.

Neste ano, o sindicato paulista organizou uma greve na Qintess, uma grande integradora de tecnologia. 

Apesar de só ter durado um dia, a paralisação obteve a maior parte dos seus objetivos e mostrou que o Sindpd pode organizar uma greve numa empresa privada de grande porte, um fato raro.

Logo depois da greve na Qintess, o Sindpd iniciou uma briga pelo pagamento de PPR na Stefanini, uma das maiores empresas de TI no país, uma disputa com bastante repercussão na imprensa, inclusive a não especializada em TI.

Até a criação de uma “tropa de elite” (uma sacada inteligente de autopromoção) o Sindpd já anunciou

Nesse contexto, uma demanda como a semana de quatro dias pode ser a princípio um recurso tático, uma demanda que o sindicato pode retirar em troca por concessões menos espetaculares em outros campos.