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Dennis Herszkowicz riu por último.
A Totvs vai comprar a Linx da Stone por R$ 3 bilhões, ou, para ser bem exatos, R$3.050.000.000,00 (três bilhões e cinquenta milhões de reais).
A novidade foi divulgada pela Totvs por meio de um fato relevante para investidores nesta terça-feira, 22.
É a maior compra da história da Totvs, batendo de longe a compra da startup catarinense de automação de marketing RD Station por R$ 1,82 bilhão em 2021.
O comunicado deixa algumas coisas no ar, afirmando que a Totvs será dona de “parte do segmento de negócio de software da Linx”, sem explicar o que fica de dentro e o que fica de fora.
O texto afirma ainda que o valor pode mudar com base “na posição de Caixa/Dívida Líquida no fechamento”, o que quer dizer que o valor pode mudar com base no tamanho da dívida da Linx no momento do fechamento da compra.
Por outro lado, a Totvs aponta também que não vai pagar valores extras, geralmente associados a metas nos anos posteriores a uma compra.
A Totvs diz ainda que pagará os R$ 3 bilhões de caixa próprio mais empréstimos a serem contratados junto a bancos, sem revelar as proporções de cada coisa.
A nota revela que a Linx fechou 2024 com uma receita de R$ 1,145 bilhão, uma pequena alta de 0,6% frente ao ano anterior, valor do qual quase tudo (R$1,048 bilhão), é recorrente, o que é um indicador importante para empresas de software.
Apesar de não crescer muito, a Linx incrementou a lucratividade no ano passado, fechando o ano um EBITDA de R$ 239 milhões, uma alta de 12% frente ao ano anterior.
"Com esta aquisição, reforçaremos nossa posição no varejo, expandindo nosso portfólio e fortalecendo nossa capacidade de atender às demandas de todos os perfis de varejistas. Trata-se de um grande e importante avanço em nossa oferta de tecnologia para este setor e, dado o nosso elevado nível de investimento em P&D, nos permitirá impulsionar o desenvolvimento de inovações relevantes para os clientes Linx, inclusive em IA", enfatiza Dennis Herszkowicz, presidente da Totvs.
A Totvs também destaca que a compra fortalecerá o posicionamento da empresa no segmento de varejo, "equiparando a atual relevância já alcançada em outros segmentos da economia", e que a cobertura geográfica da distribuição da Totvs "poderá ser benéfica aos varejistas, na medida em que o varejo é um segmento com muita capilaridade”.
QUEM RI POR ÚLTIMO RI MELHOR
Com o anúncio oficial da compra, a Totvs parece concretizar um dos maiores exemplos da máxima “quem ri por último ri melhor” da história do setor de tecnologia no Brasil.
Como o leitor do Baguete certamente lembra, a Totvs passou boa parte de 2020 disputando a Linx com a Stone, que no final levou a empresa por R$ 6,7 bilhões, mais do que o dobro do que a Totvs está pagando agora.
Ainda não se sabe com que parte da Linx a Stone vai ficar. Seja qual for, ela certamente não vai valer R$ 3 bilhões, o que torna a compra da Linx pela gigante de pagamentos o pior negócio já feito na área de tecnologia no país.
A própria Stone decidiu colocar a Linx à venda em setembro do ano passado.
Segundo analistas, a empresa de pagamentos concluiu que não tinha conseguido integrar a Linx no seu portfólio de produtos e estava tendo prejuízo.
A Totvs sempre foi apontada como a favorita para comprar a Linx, mas conduziu a negociação com parcimônia, chegando a se retirar do processo totalmente no meio dele.
Mercado Livre e o fundo de investimentos Constellation foram apontados como outros interessados, mas no final das contas só sobrou a Totvs como possível compradora.
No final de abril, Stone e Totvs entraram em negociações exclusivas, e o fechamento parecia uma questão de tempo.
Analistas estimavam que a Linx tivesse um valor de mercado entre R$ 3 bilhões a R$ 4,5 bilhões, o que mostra que a compra acabou saindo barata para a Totvs.
Do ponto de vista de portfólio, a Totvs era a compradora óbvia: apesar de ser a maior empresa de software de gestão do Brasil, a Totvs nunca foi especialmente forte no nicho de varejo.