
Vai uma laranja aí? Foto: Depositphotos.
Um grupo de trabalho com figurões do setor financeiro e do governo está trabalhando em um pacote de medidas para tentar diminuir o juro para os consumidores finais de no Brasil, incluindo entre elas pegar mais pesado com o “aluguel” de contas laranja.
https://valor.globo.com/financas/noticia/2025/02/24/grupo-de-trabalho-cria-proposta-para-consignado-punicao-para-laranja-e-pix-como-garantia.ghtml
Chamadas no jargão do submundo de “Laras”, as contas laranjas são oferecidas por pessoas normais para criminosos com objetivo de realização de fraudes e/ou de lavagem de dinheiro.
A prática adquiriu uma proporção enorme: segundo um relatório recente, existem no Brasil 10 milhões de CPFs no Brasil suspeitos de participar de golpes, atuando como contas laranja para receber valores obtidos por criminosos.
https://www.baguete.com.br/noticias/brasil-tem-10-milhoes-de-cpfs-envolvidos-em-golpes
O relatório ainda aponta que a maioria dos CPFs utilizados para os golpes são de jovens de 18 a 25 anos – que, em sua maioria, possuem várias contas abertas ao mesmo tempo.
A proposta do grupo é que se estabeleça um período de inabilitação (proibição de utilização de conta corrente) de três a cinco anos, por exemplo, para as pessoas que comprovadamente tenham cedido sua conta corrente para atividades ilícitas, revela o jornal Valor Econômico.
Também é sugerida a criação de um cadastro nacional de contas e CPFs “alugados”. Seria algo na linha do Relatório de Cheques Sem Fundos (CCF), que mostra dados de cheques que foram devolvidos por motivos específicos
Segundo o Valor, ainda não há consenso dentro do Banco Central sobre a questão da punição dos laranjas.
Enquanto uma parte entende que é preciso atacar o problema das fraudes, outra teme que essa proibição de manter conta corrente afete a questão da inclusão financeira, considerando ainda que muitos dos que “alugam” suas contas são pessoas de renda mais baixa.
Mas o BC já deu um passo nesse sentido no final do ano passado com a criação de uma base de dados para troca de informações sobre eventos de fraude no sistema financeiro.
Os CPFs recebem uma marcação de “suspeita de fraude”, o que significa que os bancos ficarão de olho neles em operações futuras, mas não há punição.
Um aspecto importante é que o grupo de trabalho colocou num mesmo barco a Febraban, entidade que representa os grandes bancos, e também entidades do mundo fintech Zetta e Abipag.
Os grandes bancos costumam acusar as fintechs de terem processos pouco rígidos para abertura de novas contas, o que facilitaria a criação de contas falsas também usadas por fraudadores. As fintechs respondem que seguem as mesmas regras do BC que os bancos.