CRISE

Volkswagen sofreu mega invasão

Quase 20 mil documentos vazaram entre 2010 e 2014. Caso só veio à luz agora.

26 de abril de 2024 - 09:09
Mega operação foi necessária para expulsar os hackers.

Mega operação foi necessária para expulsar os hackers.

Hackers, muito provavelmente ligados à China, invadiram os sistemas da Volkswagen e roubaram 19 mil arquivos da montadora alemã entre 2010 e 2014, só sendo detidos por uma operação mundial da empresa.

O caso, que até agora não tinha vindo a público, foi revelado na edição desta semana da revista semanal Der Spiegel, uma das publicações mais importantes da Alemanha. 

A publicação teve acesso a 40 documentos internos da Volkswagen, que desenham o quadro completo do que deve ter sido um dos maiores ataques do tipo já feitos. 

O alvo eram informações técnicas, sobre desenvolvimento de motores, engrenagens e tecnologia para carros elétricos. 

Os primeiros ataques começaram em 2010. Nos dois anos seguintes, os hackers conseguiram roubar alguns dados, e, 2013, conseguiram obter acesso de administrador na rede. 

A infiltração começou pela cidade mexicana de Puebla, onde a Volkswagen tem uma fábrica, e chegou até o coração da empresa, na sede em Wolfsburg, na Alemanha. 

Em 2014, um erro de digitação de um dos hackers infiltrados causou um aumento no consumo de recursos destinados a um sistema, o que chamou a atenção de um técnico da Volkswagen que acabou descobrindo a invasão. 

A partir daí, a Volkswagen convocou uma força-tarefa, que observou os invasores ao longo de quase um ano, para contra-atacar só em 24 de abril de 2014, uma sexta-feira, a partir das 16h, horário da China. 

A data não foi escolhida por acaso. Os hackers, muito provavelmente funcionários do exército chinês, paravam suas atividades sempre nesse horário. 

Nesse dia, começou uma operação de guerra, com dezenas de profissionais numa sala da sede da Volkswagen, alguns deles equipados com colchonetes. 

Esse time se comunicava em tempo real numa conferência com colegas em todo o mundo (muito provavelmente, também com o Brasil, onde a VW tem uma grande presença).

Ao longo de 48 horas, os funcionários da TI da VW tiraram do ar a maior parte da rede interna da empresa, abrindo exceção apenas para sistemas essenciais. Ao final, foram apagados dados de 90 servidores diferentes. 

De acordo com comunicados da Microsoft vistos pela reportagem da Spiegel, até então a multinacional não tinha participado nunca de um projeto no qual foram reinstalados tantos sistemas diferentes.

Depois de eliminada a invasão, a Volks começou com um processo de reestruturação da sua rede, na qual foram consumidos investimentos na casa das centenas de milhões de euros, revelaram fontes da empresa para o Spiegel. 

Procurada pela Spiegel, a Volkswagen confirmou a existência do ataque, mas não quis fazer mais comentários sobre os possíveis autores.

Hoje, de cada três carros produzidos pela montadora, um é vendido na China.