E-COMMERCE

Americanas vai encerrar marcas Shoptime e Submarino

Lojas virtuais fazem parte do grupo desde o início dos anos 2000.

02 de julho de 2024 - 16:56
Foto: divulgação.

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A Americanas anunciou o encerramento das marcas Shoptime e Submarino como estratégia para se recuperar da crise que vem enfrentando desde o início do ano passado, quando foi divulgada uma inconsistência contábil de R$ 20 bilhões em seu balanço.

Com a decisão, a varejista integrará os sites e aplicativos das empresas, tornando a Americanas a marca-referência dos negócios.

Em nota enviada ao O Globo, a empresa afirmou que “a integração tem por objetivo fortalecer o digital da companhia a partir da marca Americanas”.

Além disso, a mudança “contemplou o alinhamento com a nova estratégia de negócios, que foca em uma operação mais ágil, rentável e eficiente”, a fim de gerar “uma experiência de compra ainda mais completa”.

A Shoptime iniciou suas operações em 1995 como um canal de TV dedicado a televendas. Apenas em 1997, expandiu sua atuação para a internet. A companhia foi adquirida pela Americanas em 2005.

Já o Submarino foi criado em 1999, e, desde sua fundação, tinha como foco vender pela internet, tendo se tornado um dos maiores e-commerces do Brasil. Em 2006, a empresa passou a compor o portfólio da Americanas, dando origem à B2W Digital.

POR DENTRO DA CRISE

A Americanas começou 2023 abrindo o jogo sobre as inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões em seu balanço, descoberta que levou executivos como Sérgio Rial (ex-CEO) e André Covre (ex-CFO) a renunciarem seus cargos.

Uma semana depois, a varejista entrou com um pedido de recuperação judicial para negociar dívidas que totalizavam R$ 43 bilhões. O movimento foi consequência de uma tentativa mal sucedida de negociar com seus credores, entre eles BTG Pactual, Bradesco, Safra e Banco do Brasil.

Entre os dias 11 a 31 de janeiro, o e-commerce da marca registrou queda de 57% nas visitas.

Só no final do ano, em novembro, a varejista conseguiu fechar um acordo com seus principais credores. Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, os maiores acionistas da Americanas, decidiram colocar mais R$ 12 bilhões na empresa.

Os bancos, por sua vez, também aceitaram injetar R$ 12 bilhões na companhia por meio de créditos detidos.

A Americanas informou ainda que, após as medidas de reestruturação, a previsão seria apresentar uma dívida bruta de R$ 1,875 bilhão.

Desde o início de 2024, a varejista esteve focada em sua reestruturação, aprovada na metade de dezembro por 97% de seus credores. O foco recai sobre investir nas vendas das lojas físicas, que foram menos afetadas pela crise.

Mais recentemente, em junho, a Polícia Federal cumpriu dois mandados de prisão preventiva contra os ex-executivos da companhia. Segundo as investigações, as fraudes tinham como objetivo oferecer pagamentos bônus para a diretoria.

Durante o episódio, Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, foi procurado pela Interpol e preso na Espanha. Já Anna Saicalli, ex-diretora da B2W Digital, se entregou para a polícia.