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José Luiz Moço.
A Sage, multinacional inglesa de sistemas de gestão, acaba de fechar um acordo com a Axis, tornando a brasileira a distribuidora master no Brasil do X3, seu ERP voltado para empresas médias.
A Axis é uma joint venture entre o grupo brasileiro de investimentos TechTrends e a Xplor, empresa portuguesa que é um dos maiores parceiros no mundo da Sage.
Em nota, a empresa aponta que a sua meta é triplicar base instalada em cinco anos, “competindo em nível de igualdade com líderes de mercado”.
Quem são os líderes está claro: trata-se principalmente a Totvs, outros players de ERP brasileiros e a SAP, que nos últimos anos decolou no país o Business One, seu produto para empresas menores.
Sobre a base atual, a partir do qual quer atingir essa meta, a Axis revela apenas que tem uma base de 3 mil usuários na América Latina, atendida por oito parceiros, cinco deles no Brasil, dois na Argentina e um no Perú.
A Axis está assumindo também o time de 16 colaboradores da Sage no país e está aumentando o total para 29.
O número total de usuários ativos é um indicador complicado para avaliar a base total de clientes.
O estudo anual sobre o mercado de TI feito pela Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV) define uma empresa média como algo entre 170 e 700 usuários, uma baliza pela qual a Sage pode ter entre 18 e quatro clientes.
“Sabemos que nossas metas são ambiciosas, mas temos um caminho claro a seguir que nos possibilitará chegar onde almejamos”, afirma o CEO da Axis José Luiz Moço.
De acordo com Moço, o plano é intensificar nos próximos 18 meses a atuação no Sul e Sudeste, onde a empresa já atua, além de levar o X3 para capitais no Nordeste e Centro-Oeste.
A ideia é também ampliar o escopo, hoje limitado à vertical de indústrias, agregando produtos de outras empresas da TechTrends como automação fiscal e contábil, gestão de riscos, governança, compliance, entre outras.
A Sage trouxe o X3 para o Brasil em 2015, três anos depois de uma sequência de aquisições de empresas locais de software de gestão para contadores nas quais gastou cerca de R$ 500 milhões.
Os ingleses acabaram dando para trás e vendendo em março de 2020 as soluções oriundas dessas aquisições para o ex-presidente da empresa no país, Jorge Carneiro, por um valor de £ 1 milhão pagos à vista, e outros £ 9 milhões em um prazo e condições não reveladas.
Na época, a Sage disse que manteria uma presença própria, focada em trabalhar as suas soluções oferecidas em nível mundial, como o X3.
Na sua nota, a Axis explica que a Sage vinha fazendo “gerenciamento à distância dos negócios relacionados ao X3 no Brasil” até identificar um parceiro para assumir o papel de distribuidor master.
A Axis não é a primeira joint venture da Xplor e da TechTrends focada no mercado X3.
Ambas empresas lançaram a Xplor Latin America em 2019, também sob o comando de Moço, um executivo da TechTrends com experiência no mercado de ERP. As empresas não abrem qual foi o número de clientes fechado pela operação.
A Xplor também fez uma tentativa solo em 2018, quando abriu uma subsidiária local sob o comando de Sergio Fabiano Mattos Botelho, um executivo experiente no mercado de ERP do Brasil, com passagens por cargos de diretoria na Benner, Senior e Datasul.
Botelho não está mais na Xplor. O executivo montou a Fokus, uma consultoria também focada na tecnologia da Sage.
O resumo é que entre as tentativas solo iniciais da Sage e da Xplor, mais a primeira joint venture entre Xplor e TechTrends, a nova Axis é a quarta tentativa de peso de emplacar o X3 no país.
Será que agora vai? O fato é que, com uma receita de £ 1,84 bilhão, a Sage é uma potência mundial em ERP (mais da metade da base de clientes fica nos Estados Unidos e Reino Unido).
O Gartner aponta a marca como uma das cinco maiores fabricantes de software do mundo.
Por outro lado, o mercado brasileiro de ERP está consolidado sob liderança da Totvs, mas não parou de crescer. A IDC prevê alta de 12,6% nos gastos com soluções de finanças, contabilidade, gestão de pessoas e ativos, controle de produção, logística, cadeia de suprimentos e outras, para US$ 3,4 bilhões em 2022.
A Sage tem inclusive um exemplo próximo no país para se inspirar. A SAP trouxe o Business One, seu ERP para pequenas e médias, ainda em 2005, fazendo muito barulho.
Mas a verdade é que a multinacional alemã também se atrapalhou bastante na largada, tendo problemas com parceiros e algumas implementações problemáticas que quase queimaram o B1.
A companhia continuou insistindo, formando no final um ecossistema de 150 empresas trabalhando com implementação do produto, atendendo 7,5 mil clientes no Brasil, o que é uma cifra respeitável em um universo de 70 mil clientes em todo o mundo.