CARREIRA

Três dicas para migrar para a área de produtos

Gerente de produto é um profissional estratégico, focado no público-alvo.

17 de novembro de 2022 - 08:45
Marcell Almeida, CEO e cofundador da PM3. Foto: Divulgação

Marcell Almeida, CEO e cofundador da PM3. Foto: Divulgação

A área de Produto não para de crescer. A demanda por profissionais que atuam no ramo aumenta a cada dia nas empresas, principalmente pelo fato do Product Manager (Gerente de Produto) ser um cargo bastante estratégico, já que ele é elo responsável por conectar tecnologia e negócio com o objetivo de entregar produtos digitais de qualidade, colocando como prioridade as necessidades do público-alvo.

Para quantificar o aquecimento do setor, de acordo com a 3ª edição do Panorama de Product Management no Brasil (2022-2023), pesquisa realizada pela PM3, 43,7% dos respondentes sinalizaram ter participado de uma a três entrevistas nos últimos seis meses e 18,7% de quatro a seis. 

Ainda segundo o levantamento, realizado com mais de 2 mil pessoas, a média salarial ponderada dos profissionais da área, que envolve cargos como Product Manager, Product Owner, Product Designer e Business Analytics, aumentou 20% comparado com o ano anterior e alcançou o valor de R$ 12.147.

Os dados do levantamento ainda apontam que os salários da Liderança de Produto podem chegar a mais de R$ 30 mil. Essa valorização está atrelada ao fato do PM ser uma peça fundamental na integração dos times de tecnologia, unindo a equipe às áreas de negócios e experiência do usuário (UX).  

A combinação entre o alto número de oportunidades, boa remuneração e um setor em crescimento colocam o especialista de Produto como um dos mais requisitados do mercado brasileiro, e a área vem sendo o foco, inclusive, de profissionais de segmentos completamente distintos. Por essa razão, separei algumas dicas importantes que podem ajudar quem está pensando em migrar para esse setor:

1) Pesquisar e estudar as competências necessárias

O segmento não exige uma formação acadêmica específica. No entanto, isso não quer dizer que a entrada no setor não necessite de conhecimento prévio.

Diante desse cenário, o que as empresas mais prezam atualmente são profissionais com soft skills bem consolidadas, tais como comunicação assertiva, importante para fazer o gerenciamento de stakeholders; escuta apurada, super útil para realização de discovery; e liderança por influência e colaborativa, fundamental para trabalhar com times multidisciplinares como squad, além de uma boa visão de estratégia de negócios.

Entender bem sobre a profissão antes de migrar para o segmento é extremamente importante. É preciso compreender o que o profissional faz, quais as habilidades que são necessárias, como são estruturadas as equipes de Produto, ferramentas comuns, conceitos importantes, etc.

Ou seja, desenvolver um conhecimento do que o setor se trata e o que é esperado desse especialista, seja por meio de artigos, livros, cursos, dentre outros.

2) Investir em networking e se aprofundar em conteúdos

Conhecer pessoas, trocar ideias e buscar conteúdo aprofundado sobre o mercado são dicas quase clássicas quando o assunto é migrar para uma nova área de atuação. Pensando no caso da área de Produto, há muita informação de qualidade disponível online.

Sendo assim, é válido buscar esse conhecimento, participar de eventos e absorver esse aprendizado e know how para que ele possa ser colocado em prática quando a vaga for conquistada.

Além disso, a participação em meetups, comunidades de produto, lives, eventos online e presenciais no geral para começar a conviver e conhecer pessoas da comunidade de Produto é um passo fundamental. Nessa troca de experiência, é possível ser apresentado a muitas pessoas que também querem migrar de área ou que já migraram, criando uma dinâmica valiosa.

3) Buscar oportunidades de entrada

O pontapé inicial de uma transição no mercado de trabalho é sempre uma parte complicada. Sem um currículo tão atraente, o interessado precisa encontrar maneiras de se aproximar desse novo alvo de formas mais estratégicas.

Nesse sentido, uma dica importante é exercitar a criação de cases fictícios, que podem ser usados como portfólio profissional e vitrine para empresas e apoiar o profissional nesse primeiro momento.

Outro ponto importante é buscar aproximação com a equipe de Produto (caso exista) da empresa onde a pessoa já trabalha e entender com a sua liderança se há a possibilidade de uma migração interna de área ou, pelo menos, realizar algum tipo de  iniciativa ou projeto em conjunto do time em questão. Essa aproximação vai ser essencial para entender o cotidiano e as responsabilidades desses profissionais.

Por fim, vale ressaltar que o mercado de Produto acompanha o de tecnologia. Da mesma forma que há uma demanda crescente por desenvolvedores, as empresas estão identificando a necessidade de ter um time focado na gestão de produto.

Ou seja, as organizações estão entendendo que existem variáveis em torno da criação de um produto digital, que tornam complexo o processo de conectar os interesses do negócio à dor do usuário.

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Não à toa, dados recentes do Panorama de Product Management no Brasil (2022 - 2013) apontam o retrato atual das empresas, onde mostra que a proporção de Product Managers e Desenvolvedores nas equipes é bem heterogênea e não segue um padrão bem definido.

Em 18,8% das empresas, a proporção é de 1 PM para 5 Devs, seguido de 1 PM para 10 Devs em 17,4% e 1 PM para 3 Devs em 16,4%.

Para atender essa demanda, não falta espaço para novos profissionais, mesmo sem background específico em tecnologia ou gestão. Afinal, funções como a do Product Manager exigem um perfil generalista e dotado de habilidades diversas.

Do administrador ao biólogo, não há nenhuma experiência que não seja necessária para criação de um produto inovador. 

*Por Marcell Almeida, CEO e cofundador da PM3.