O presidente da Associação Brasileira dos Contribuintes (Abrapi), de Blumenau, Rubens Ricardo Franz, não se surpreende com o resultado da pesquisa. "Os empresários têm plena ciência do custo tributário na formação dos preços de venda de seus produtos e serviços. Assim, sabem também do ônus gerado no momento da competição de mercado, principalmente no externo", explica.
Segundo ele, atualmente os tributos representam quase 40% do PIB brasileiro, enquanto em países como o Chile o percentual se equivale a 17,3%. "A arrecadação média do governo federal tem girado em torno de R$ 28,5 bilhões por mês, o que significa que somente o esta instância governamental arrecada por mês aquilo que 54 milhões de pessoas levam oito meses para ganhar", destaca.
"Para se ter idéia das incoerências de nossa tributação, num setor vital para a economia, que é o elétrico, a carga fiscal pode chegar a 51,58% da receita bruta em 2006. Um verdadeiro absurdo, quando necessitamos gerar urgentemente novos investimentos para o país", complementa.
Uma solução para o problema, sugere Franz, seria que o "Legislativo efetivamente legislasse na construção de um arcabouço legal voltado para o desenvolvimento competitivo do Brasil". Além disso, o presidente pede a reforma do Judiciário, também considerada bastante importante pela maioria dos entrevistados pela FGV. "É preciso racionalidade e agilidade no trâmite dos processos, pois, em termos médios no país, uma ação tributária (restituição de impostos) leva em média de cinco a sete anos para ser consumada", afirma.
Franz também defende a exclusão da política tributária orientada pelo Caixa. "Buscar somente a geração de receita ao estado ao invés de estruturar uma política tributária justa e coerente com uma política de desenvolvimento e que fatalmente resultará em aumento de receita. A estruturação de uma divisão justa do bolo tributário, invertendo a pirâmide: permanecendo nos municípios e estados a maior parte da arrecadação, pois são eles que conhecem a realidade local e poderão aplicar os recursos de forma menos onerosa e mais eficaz", destaca.