Trabalho em casa ou as economias, eis a questão. Foto: Pexels.
O Santander está avaliando qual será o seu modelo de home office pós-pandemia e uma das condições em avaliação para o modelo seria a "abdicação voluntária" de benefícios ou de uma porcentagem do salário por parte dos funcionários.
Quem disse foi o presidente do Santander, Sergio Rial, durante uma transmissão ao vivo promovida pelo próprio banco no dia 09 de julho, segundo revela o Yahoo! Finanças.
De acordo com Rial, a redução dos salários faria sentido para o funcionário que optasse pelo trabalho remoto, uma vez que gastaria menos tempo e dinheiro para ir até a empresa.
"Se tudo isso te poupa tempo, você deixa de gastar com combustível, tua vida fica mais fácil até sob o ponto de vista econômico, por que não dividir algumas coisas dessas com a empresa? Por que não pode ser um voluntário com a abdicação de algum benefício, de algum salário? Desde que seja voluntário", afirmou o presidente do banco no vídeo.
Segundo Rial, o novo "caminho" para o home office no banco, que ainda está em análise, será construído em conjunto, por meio de diálogo entre direção e funcionários.
A íntegra da transmissão está disponível no canal do Santander Brasil no Youtube. O trecho da entrevista que trata sobre o home office pode ser visto aos 24 minutos e 31 segundos de vídeo.
O Yahoo! procurou o Santander, que, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que a redução na remuneração de trabalhadores em home office está fora de questão.
"O Santander esclarece que, embora o sistema de home office a ser adotado pela organização esteja em definição, a hipótese de reduções na remuneração dos funcionários está absolutamente fora de questão neste contexto", diz o texto.
Talvez o presidente do Santander estivesse fazendo uma conjuntura sem relação direta com o banco ou talvez a declaração tenha causado desconforto interno e o presidente do Santander decidiu recuar.
Seja como for, estão começando a surgir, o assunto home office está na ordem do dia.
Muitas empresas estão estudando, e algumas já anunciaram, medidas de migração permanente para o home office depois da bem sucedida implementação emergencial em função da pandemia do coronavírus.
O cálculo por trás da decisão envolve a satisfação dos funcionários com uma forma de trabalho no qual a produtividade parece ser manter ou até aumentar, e também economia, principalmente com aluguéis de escritórios.
De um tempo para cá, a variável salários e benefícios também começou a entrar em cena.
O presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Rio (TRT-RJ), José Fonseca Martins Junior, por exemplo, disse recentemente em um debate promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico que, com o trabalho em casa, “não faria sentido” pagar vale-alimentação e vale-transporte.
Martins também deu a entender que a justiça trabalhista deve ser mais compreensiva, em um cenário de escalada do desemprego e ameaça da continuidade de operação de muitas empresas.