Swami Sivasubramanian, VP de Agentic AI da AWS, durante o Re:Invent. Foto: divulgação.
A Amazon Web Services (AWS) está lançando dezenas de serviços e recursos durante o Re:Invent 2025, evento anual da companhia que acontece em Las Vegas entre os dias 1 e 4 de dezembro, a maioria deles relacionados a agentes autônomos, os sistemas de inteligência artificial que são capazes de atuar por conta própria.
Um dos anúncios da semana foi o Frontier Agents, uma nova classe de agentes autônomos. Segundo Luis Liguori, head de arquitetura da AWS Brasil, esse é um dos lançamentos mais importantes da conferência.
“O ano de 2025 foi o ano dos agentes e, neste anúncio, estamos falando o seguinte: descobrimos coisas a melhorar. Primeiro, faltava autonomia. Em segundo lugar, eles rodavam por um período e paravam. Em terceiro, eles não aprendiam. Então, quando criamos os Frontier Agents, estamos falando de agentes que resolvem essas questões”, explica Liguori.
Dentro do conceito de Frontier Agents, a companhia criou agentes específicos para algumas ações, como o AWS Security Agent, um engenheiro virtual de segurança para revisões de código e testes de penetração.
“Desde o processo de começar o desenvolvimento, um bot vai avaliar a segurança daquilo, vai fazer os testes de penetração. Antes do time de operação acordar, ele vai estar falando que já analisou o problema e tomou uma ação”, detalha Liguori.
Outro agente lançado no pacote é o Kiro Autonomous Agent, um desenvolvedor virtual que mantém o contexto e aprende ao longo do tempo. Antes, o Kiro já fazia tarefas. Agora, ele também pode executar jornadas e, inclusive, criar outros agentes.
“Hoje, agentes estão transformando indústrias. Desde o desenvolvimento de software até a pesquisa de medicamentos. Desde a agricultura até a arquitetura. Essa habilidade de uso e manutenção de interfaces do mesmo modo que os humanos está fundamentalmente alterando como construímos as aplicações, dramaticamente diminuindo as barreiras técnicas para criar soluções poderosas e úteis”, afirma Swami Sivasubramanian, VP de Agentic AI da AWS.
Para o futuro, as expectativas da americana se baseiam nas previsões do Gartner. Até 2028, 33% dos softwares devem conter IA agêntica e 15% das decisões de trabalho serão feitas de maneira autônoma através de agentes.
QUAL A APLICAÇÃO DISSO NO BRASIL?
Olhando para o mercado brasileiro, onde existem negócios com diferentes realidades e níveis de maturidade quanto à adoção de IA, esses e outros lançamentos devem encontrar várias oportunidades de um lado e importantes desafios de outro.
No país, 40% das empresas já usam IA de alguma forma, mas somente 12% delas estão em estágio avançado — ou seja, prontas para usar essas funcionalidades. Quando se fala em startups, a adoção de IA chega a 53% e a IA avançada, 15%.
Entre os clientes brasileiros da AWS que já usam agentes de IA, se destaca o setor financeiro, como nomes como Itaú, Santander e Banco Inter, além de companhias como MaterDei, Elfa, Sabesp, Boticário e Natura.
Em termos regionais, o Brasil está um pouco atrás do Chile, onde 13% das empresas chegaram ao estágio avançado, e muito à frente do México, que tem um índice de apenas 3%.
Paula Bellizia, vice-presidente da AWS para a América Latina, observa que a companhia ainda tem grandes oportunidades para fazer melhores investimentos na região pensando na adoção de IA e de IA generativa.
“Chile, Brasil e México estão muito atrás de Austrália, Europa e Canadá. Apenas uma pequena porcentagem de empresas em nossa região já alcançou a fase mais avançada da adoção de IA. Então precisamos nos manter focados em avançar nisso e sair de um processo único para fazer uma transformação difusa nos negócios. E esse vai ser o nosso foco com nossos clientes também”, adianta Bellizia.
No último ano, o crescimento da adoção de IA no Brasil foi de 29%, atrás de países como Chile (35%), Canadá (33%), México (31%) e Japão (30%). Apesar disso, o Brasil é o país onde as companhias mais observam ganhos em receita (95%) e produtividade (96%) com essa tecnologia.
EM MUITOS CASOS, FALTA O BÁSICO
Por outro lado, grande parte das empresa brasileiras ainda nem chegaram no básico para viabilizar o uso de inteligência artificial: migrar para a nuvem. A própria AWS tem clientes de todos os tamanhos, em diferentes indústrias, ainda em processo de migração.
“Sabemos que no Brasil ainda temos muitos clientes com infraestrutura on-premises. E nessa linha, o AWS Transform Custom (outro lançamento realizado durante o evento) é essa ferramenta de acelerar a migração de clientes para a nuvem e resolver o débito técnico de qualquer linguagem para qualquer linguagem”, destaca Fernanda Spinardi, líder de gestão de soluções para clientes da AWS Brasil.
Spinardi ressalta, no entanto, que já existem experimentações acontecendo em todos os clientes de todos os tamanhos dependendo da camada de acesso à tecnologia, pois existem camadas de abstração que democratizam o acesso em áreas de negócio.
Do ponto de vista das empresas, o maior obstáculo encontrado é o de sempre: a lacuna de mão de obra especializada. Dentro desses negócios que já usam IA no Brasil, 46% reportaram o problema.
Para o futuro da América Latina, o IDC estima que os investimentos em IA vão crescer 39% ao ano até 2029 e, em IA generativa, esse número deve chegar a 66%. Com isso, o mercado de serviços de computação em nuvem chegaria a US$ 30,2 bilhões no mesmo período.
No mercado há 19 anos, a AWS tem mais de 240 serviços a partir de 114 zonas de disponibilidade em 36 regiões geográficas. São Paulo, onde a empresa chegou em 2011, foi a quinta região da companhia no mundo, sendo até hoje a maior da América Latina.
Até 2023, a multinacionalinvestiu mais de US$ 3,8 bilhões para construir, conectar, operar e manter seus data centers no Brasil. Em setembro de 2024, a americana anunciou planos de investir mais US$ 1,8 bilhão até 2034.
Além disso, a AWS tem planos anunciados para 16 novas zonas de disponibilidade e mais cinco novas regiões no Chile, Nova Zelândia, Reino da Arábia Saudita, Taiwan e a Nuvem Soberana Europeia.
A companhia tem milhões de clientes no mundo, desde startups a grandes empresas e agências governamentais.
*Luana Rosales participa do AWS Re:Invent, em Las Vegas, a convite da AWS.
