
AWS pôs os pontinhos nos is. Foto: Depositphotos.
A AWS decidiu botar uns quantos pingos nos is no tema “data center no Rio de Janeiro”, depois que o governo do estado divulgou uma nota sobre o assunto nesta terça-feira, 18.
A nota do governo carioca, repercutida no Baguete no mesmo dia, falava que a AWS havia anunciado a "criação de um data center no estado”, após uma reunião do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), com altos executivos da gigante de nuvem em Londres.
Uma atualização da nota foi postada na quarta-feira, 19, com mudanças significativas: sumiu o anúncio de investimento, a construção do data center e uma declaração de um executivo brasileiro da AWS falando sobre as duas coisas.
Entrou no lugar uma "reconfirmação" dos “planos de instalação de uma nova infraestrutura no estado”, como parte de uma “negociação” entre AWS e Rio de Janeiro.
Isso porque, segundo a AWS explicou para o Baguete por meio da sua assessoria de imprensa, não existiu nenhum anúncio novo em Londres, assim como não vai existir nenhum data center da AWS no Rio de Janeiro (ou pelo menos, do que a AWS define como data center, mais sobre isso adiante).
A matéria do Baguete já havia apontado que o governo do Rio de Janeiro estava requentando um anúncio da própria AWS em fevereiro de 2022, falando da inauguração de uma “zona local” baseada no Rio de Janeiro.
A conclusão que a reportagem tirou é que o tempo transcorrido entre o anúncio de AWS e a divulgação requentada do governo carioca, mostra que o projeto zona local carioca estava andando devagar.
O quão devagar, não dá para saber, porque em nenhum momento a AWS ou o governo carioca deram um prazo para o começo ou o fim da instalação. Já na nota de fevereiro de 2022 a AWS divulgou apenas “planos”, sem concretizar datas.
Isso segue assim. Questionada sobre prazos, a AWS repetiu os fatos sabidos, e recomendou acompanhar as atualizações de uma página da empresa, na qual o Rio de Janeiro aparece como um local “anunciado” para ter uma zona local.
Visando atender a curiosidade dos leitores, a reportagem do Baguete promete acessar a página com zelo, todas as primeiras quartas-feiras do mês.
(A matéria também explicava que, muitas vezes, os governos saem falando o que querem depois de uma reunião com representantes de multinacionais porque não há consequências, o que, pelo menos nesse caso, não se confirmou).
Sobre o sumiço do termo “data center”, a explicação é algo mais complexa, tendo que ver com as definições que cada um adota para explicar o que é uma “zona local” e no modo algo particular que a AWS nomeia suas diferentes estruturas.
Quando da divulgação dos planos da AWS para uma zona local no Rio de Janeiro, a reportagem do Baguete concluiu que isso significava ter um data center na cidade, uma linha de raciocínio que o governo carioca também parecia seguir.
(Ter um data center, aliás, não precisa significar construir um data center, como falava a nota do governo do Rio de Janeiro. Empresas como AWS normalmente alugam estrutura física de provedores especializados, em contratos secretos).
Questionada sobre o tema “data center”, a AWS enviou uma longa explicação que requer uma grande dose de atenção a detalhes para uma compreensão adequada.
Segundo explica, São Paulo é uma região (chamada no caso de América do Sul), um local físico onde a AWS agrupa data centers, formando uma chamada Zona de Disponibilidade (AZ, na sigla em inglês).
Cada AZ tem em energia, refrigeração e segurança física independentes e está conectada por meio de redes redundantes de latência ultrabaixa.
Já o Rio de Janeiro é hoje um ponto de presença (edge locations, no jargão em inglês), assim como outros dois pontos em São Paulo e Fortaleza (cidade de entrada dos cabos submarinos de Internet no Brasil).
O que virá em um futuro não determinado para o Rio de Janeiro é uma “local zone”, definido pela AWS como “um tipo de implementação de infraestrutura que coloca computação, armazenamento, banco de dados e outros serviços mais próximos dos clientes, para as aplicações que requerem latência mínima”, conectadas com a região via rede privada da Amazon.
Por algum motivo que a AWS não chega a clarificar, essa “infraestrutura que coloca computação, armazenamento, banco de dados e outros serviços mais próximos dos clientes” não pode ser chamada de um “data center”.