TROCAS

ContaAzul contrata ex-Omie

Empresas eram rivais em 2018. Desde então, muita água passou pela ponte.

17 de dezembro de 2021 - 08:07
Elida Queiroz.

Elida Queiroz.

Elida Queiroz, ex-diretora da franquias e unidades próprias da Omie, acaba de assumir o cargo de diretora de canais na ContaAzul.

A executiva passou seis anos na Omie, passando por diferentes cargos na área de vendas. Queiroz deixou a empresa em junho de 2020.

A informação é de fontes de mercado e foi confirmada pelo Baguete.

A contratação de Queiroz é chamativa, porque a catarinense ContaAzul e a paulista Omie costumavam competir no mesmo mercado, oferecendo software de gestão na nuvem para micro e pequenas empresas, apostando numa estratégia de proximidade com contadores.

Em 2018, na divulgação de uma captação de R$ 25 milhões junto ao fundo Astella, o fundador da Omie, Marcelo Lombardo, chegou até a dar uma cutucada na ContaAzul, o tipo de coisa que jornalistas adoram (bom, pelo menos esse repórter que vos escreve) e não acontece o bastante no mercado de tecnologia brasileiro.

Na ocasião, a Omie estava fazendo a sua primeira grande captação de recursos. 

A ContaAzul estava mais adiantada, tendo feito quatro rodadas, a última na época de R$ 100 milhões.

De lá para cá, muita água passou por debaixo da ponte e já não é possível dizer exatamente em que medida as duas empresas são realmente competidoras.

O divisor de águas parece ter sido a reação ao impacto do começo da pandemia, ainda em abril de 2020.

Na época, a Omie anunciou publicamente um corte de 30% da equipe (134 pessoas na época) e uma virada bastante radical de rumos, a famosa pivotagem.

Em uma carta, o Lombardo disse com todas as letras que estava deixando de lado o foco inicial de pequenas empresas e ia apostar em organizações maiores, nas quais queria ganhar dos ERPs tradicionais.

Uma aposta bastante ousada, tendo em conta que ela representa competir com a Totvs, entre outras. Desde então, a Omie fez sinalizações de que não estava deixando totalmente de lado o seu mercado original.

De todas formas, a Omie tem aparecido bastante, assumindo o papel de destaque (pelo menos midiático) que antes era da ContaAzul.

Alguns marcos foram um grande acordo com o Itaú e a compra do Linker, banco digital paulistano focado no público PJ, por R$ 120 milhões, dois movimentos que parecem orientados mais ao público de pequenas e médias do que a grandes empresas.

Em agosto, a empresa levantou R$ 580 milhões no terceiro aporte da sua história, liderado pelo badalado Softbank.

A ContaAzul tomou um rumo contrário, redobrando a sua aposta no foco inicial, ao mesmo tempo em que ficou também muito mais discreta, fazendo menos divulgações públicas das suas movimentações.

Numa entrevista em fevereiro para a revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios (uma mídia chave para o seu público alvo) o CEO Vinícius Roveda revelou que 2020 tinha sido o "melhor ano da história" da empresa.

Roveda abriu que a empresa entrou no azul em maio de 2020, fazendo jus ao seu nome sete meses antes do que estava previsto.

O CEO também disse que não havia planos de novas captações de investimento.

“Em 2021, completaremos dez anos. Tudo foi acelerado até aqui. Passamos por períodos de alto crescimento e de queima de caixa. É a hora de manter um crescimento sustentável”, disse Roveda.

Nenhuma das duas empresas abre resultados, então não é possível saber quem está na frente hoje no assunto que importa. Pelo menos em termos de funcionários, a Omie parece melhor. Uma pesquisa no Linkedin aponta cerca de 1 mil, o dobro da ContaAzul.