
O curso possui cerca de 10% de alunas mulheres. Foto: Divulgação
O curso de Ciência da Computação da Universidade La Salle, do campus de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, acaba de eleger o primeiro Diretório Acadêmico formado apenas por mulheres.
O fato é chamativo porque o curso possui cerca de 10% de alunas mulheres, o que é uma cifra mais ou menos corriqueira nas carreiras universitárias de tecnologia.
O diretório é formado por seis alunas: Stephany da Rosa Brazeiro (presidente), Ana Julia Ribeiro Pereira (vice-presidente), Evanise Guaragni Bosquetti (primeira secretária), Paula de Souza Morais (segunda secretária), Danielle Parmigiani Werutsky (primeira tesoureira) e Francielli dos Santos Andreghetto (segunda tesoureira).
Com o objetivo de ser uma ponte entre os estudantes e a instituição, o Diretório Acadêmico é uma atividade voluntária e é eleito apenas pelos alunos do curso que irão representar, sendo validado com no mínimo 15% a 20% dos estudantes votando.
Após a eleição do grupo de meninas, a ideia é estender essa representação para os outros quatro cursos de tecnologia da universidade: redes de computadores, gestão de TI, ciência de dados e análise e desenvolvimento de sistemas.
O Diretório vem planejando algumas ideias para que o interesse de mais meninas pela área aumente, como palestras, ações comunitárias e aulas sobre plataformas.
Já dentro da instituição, a ideia é que estudos mais aprofundados sobre as mulheres na área de TI aconteçam.
"A gente teve grandes mulheres que fizeram parte da ciência da computação, mas ainda acho que dentro da faculdade a gente não aborda muito sobre isso. Podia ser uma coisa mais explorada pelos professores", comenta Brazeiro.
Brazeiro, que entrou no curso em 2018, viveu na pele a experiência de ser uma minoria, chegando a ser a única mulher em uma sala de 15 alunos.
"Quando a gente entra numa turma que tem 14 meninos e tu é a única menina, tu fica se perguntando se realmente é o curso que tu devia estar fazendo, se tu deveria estar naquele meio. É um pouco assustador", relata Brazeiro.
Apesar da grande questão ser a quantidade de alunas, a representação no corpo docente também é baixa. Segundo Brazeiro, em quatro anos, ela teve contato com apenas duas professoras.
Conforme uma pesquisa realizada pelo Banco Nacional de Empregos (BNE), o interesse de mulheres em vagas de TI cresceu 22% em 2021, sendo registradas 12.716 candidaturas femininas no período de janeiro a maio do ano passado.
Para Brazeiro, que entrou na faculdade por causa de seu interesse por jogos on-line quando criança, a falta de incentivo é um grande problema na inclusão de mais mulheres no curso.
"Quando a gente pensa nesse negócio de jogar videogame e tal, a gente relaciona mais a um menino, né? Se a gente tivesse um pouco mais de incentivo, talvez mais meninas estariam na nossa área atualmente. E acho que a própria universidade, divulgando essas matérias do nosso Diretório Acadêmico, também incentive as meninas que estejam meio inseguras sobre o curso a entrar", fala a presidente.
No Brasil, os homens representam 68% dos profissionais de tecnologia, de acordo com a pesquisa realizada pela Thoughtworks, que analisou dados de novembro de 2018 a março de 2019.