ÁTOMOS

Diamante capta verba microrreatores nucleares

Projeto ainda está nas fases iniciais, mas é uma tecnologia chave para data centers hoje. 

17 de junho de 2025 - 08:20
Energia nuclear está de novo em alta. Foto: Depositphotos.

Energia nuclear está de novo em alta. Foto: Depositphotos.

A Diamante Geração de Energia, uma empresa catarinense de energia térmica, vai receber recursos de R$ 30 milhões da Finep para desenvolver tecnologias de microrreatores nucleares, uma tecnologia em alta com o boom da inteligência artificial.

O valor total chega a R$ 50 milhões, com uma contrapartida de R$ 20 milhões da Diamante, que é apoiada pela Indústrias Nucleares do Brasil e a Terminus, uma startup de tecnologia focada em pesquisa e desenvolvimento para o setor energético no Rio de Janeiro.

A INB é responsável pela prospecção, mineração e por todas as etapas de fabricação do combustível nuclear das Usinas Angra 1 e Angra 2. 

A Diamante é  gestora do complexo termelétrico Jorge Lacerda, o maior da América do Sul a carvão, com cerca de 853 MW de capacidade, localizado no sul de Santa Catarina.

Em nota, o Ministério de Ciência e Tecnologia coloca em uma “Iniciativa pioneira” visando o desenvolvimento de uma “nova geração de reatores nucleares modulares, seguros e sustentáveis, com foco na geração de energia limpa para regiões remotas e pequenos municípios no Brasil”.

Além da possibilidade de um microrreator nuclear acabar sendo construído em Santa Catarina, o anúncio do MCT é interessante porque os chamados SMRs, são uma tecnologia chave na corrida para construir data centers capazes de processar a demanda das aplicações de inteligência artificial.

O projeto será executado nas instalações do Instituto de Energia Nuclear (IEN), na Ilha do Fundão, na zona norte do Rio de Janeiro, e no campus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em Belo Horizonte. 

O projeto aprovado pela Finep está no nível três (TRL3) de maturidade tecnológica, numa escala que vai de um a nove, e o objetivo é chegar até o nível seis (TRL6) em três anos. 

Devemos ter microreatores nucleares funcionando logo mais em Santa Catarina, ou qualquer outro lugar do Brasil? A resposta é: pode ser, mas vai demorar um pouco.

Com os testes dando certo, a expectativa é que a tecnologia chegue ao mercado em oito anos.

Como o nome já diz, os microrreatores nucleares são menores, modulares e móveis. 

Enquanto uma usina nuclear tradicional gera centenas a milhares de megawatts e leva anos para ser construída, um microrreator produz entre 1 e 20 megawatts, pode ser transportado por caminhão e instalado em poucos meses. 

Grandes empresas como Google e AWS já anunciaram investimentos na construção de reatores nucleares modulares, um campo no qual os Estados Unidos no momento lideram. 

Desenvolvedores de SMRs e micro‑reatores levantaram cerca de US$ 1,5 bilhão no último ano, com empresas como X‑Energy (US$ 700 milhões), Newcleo (US$ 151 milhões) e Nano Nuclear (US$ 134 milhões), entre outras.