
Tem hacker chinês na linha. Foto: Depositphotos.
A invasão chinesa dos sistemas de gigantes de telecomunicações dos Estados Unidos foi de longe o pior ataque hacker na telecom do país, e ele ainda está em curso.
Quem diz isso é o senador democrata Mark R. Warner, um chefe do comitê de Inteligência do Senado, responsável por supervisionar as atividades da CIA, NSA, FBI e outras agências de inteligência.
“Meu cabelo está pegando fogo”, disse Warner ao The Washington Post, usando uma expressão idiomática americana usada quando alguém está extremamente ansioso, nervoso ou estressado.
Não é para menos. Segundo revelou Warner, os integrantes do grupo Salt Typhoon, por trás do qual se suspeita que esteja o governo chinês, conseguiram ouvir chamadas em tempo real, passando de uma operadora para outra.
Ao todo, as investigações do governo localizaram 150 pessoas que foram vigiadas, a maioria delas na região de Washington, DC, sobre as quais os hackers acumularam “milhões” de registros de chamadas ou mensagens de texto.
Na lista, estão os telefones celulares do então candidato Donald Trump, o seu vice, assim como da candidata derrotada Kamala Harris e integrantes do Departamento de Estado.
Também foram comprometidos sistemas no quais as autoridades americanas armazenam pedidos de grampos telefônicos.
Ficaram de fora os sistemas com comunicações encriptadas de ponta a ponta, como o Signal, segundo fontes ouvidas pelo Washington Post.
As primeiras informações sobre a invasão surgiram em setembro, quando o Wall Street Journal divulgou que os hackers haviam invadido as redes da Verizon, AT&T e Lumen Technologies, empresas que juntas concentram quase a metade do mercado de banda larga nos Estados Unidos.
O caso, no entanto, se provou muito maior, com Warren falando em “meia dúzia” de players de telecom, incluindo também a T-Mobile, empresa da Deutsche Telekom que é um dos maiores players no mercado móvel americano.
As redes seguem comprometidas, e Warren disse que garantir a segurança das redes pode exigir a troca de “milhares e milhares” de equipamentos de rede em todo o país, principalmente roteadores e switches.
Segundo o jornal americano, os hackers conseguiram reconfigurar roteadores da Cisco, uma das maiores fornecedoras do setor de telecom nos Estados Unidos.
Parte do problema, segundo Warner explicou ao Post, é a vulnerabilidade do sistema de telecomunicações dos Estados Unidos, no qual atuam muitos players, o que gera uma mistura de tecnologias antigas nas redes, tudo colado junto ao longo de diferentes fusões de empresas.