
Mais mulheres na liderança é a meta da SAP. Foto: Pexels.
BJ Burlingame, até outubro do ano passado líder da unidade de transformação digital da SAP para a região sudoeste da Ásia e Japão, está processando a gigante alemã por discriminação.
De acordo com Burlingame, ela foi tratada de maneira diferente de colegas homens em uma reestruturação após se manifestar o que acreditava ser um problema de falta de diversidade na empresa.
O caso foi revelado pelo The Register, Burlingame afirma que foi demitida duas semanas após enviar um email sobre o assunto, apesar de ter boas avaliações internas e da existência de um plano de sucessão que previa que a executiva deveria assumir a posição do seu gerente em algum ponto.
Outros funcionários foram afetados pela reestruturação, mas Burlingame afirma que os homens foram transferidos para outras funções, não demitidos.
O processo foi iniciado em dezembro de 2020 em Singapura, onde a SAP mantém a sua operação para a região, e, segundo o The Register, a SAP teria respondido que executivos homens também foram demitidos e que a executiva não foi considerada compatível com as posições para as quais se candidatou.
Burlingame estava na SAP desde 2016 e é uma executiva experiente, no mercado desde a década de 90, com passagens em cargos de liderança na IBM e Deloitte.
Procurada pelo The Register, a SAP enfatizou seu comprometimento com ser uma empresa “diversa e inclusiva”, citando que mulheres compõem 34,7% da equipe na região Ásia Pacífico e Japão, incluindo 34% do time de liderança e três das quatro posições no topo da operação, como COO, chefe de RH e CFO.
O site britânico relativiza parte da defesa da SAP, ao apontar que as três profissionais em cargos de liderança da operação começaram todas nos seus cargos após a demissão de Burlingame. A SAP não comenta sobre qual era o quadro durante o tempo da executiva na empresa.
A cifra geral destacada pela SAP, compara o The Register, é parecida com os 36,4% para a mesma região indicada pelo Google, ou os 31% indicados pela Dell em nível global.
Em julho, a SAP passou a ter mulheres no comando das suas quatro unidades na América Latina, além do comando geral da região.
De acordo com a SAP, a América Latina é a primeira região no mundo dentro da empresa a ter uma liderança 100% feminina.
A SAP tem a meta de ter a metade dos cargos ocupados por mulheres até 2030, um tipo de meta de responsabilidade social que está em alta entre empresas do setor de tecnologia nos últimos anos.
Independente dos méritos do caso Burlingame, que podem ser bem complicados de definir na prática, a existência mesma do processo mostra que a ênfase no tema gera também seus riscos.