CURTIDAS

Facebook desliga a autocrítica

Empresa fecha unidade que analisa potenciais impactos negativos de produtos.

12 de setembro de 2022 - 05:47
Mark Zuckerberg, durante evento do Facebook. Foto: Facebook.

Mark Zuckerberg, durante evento do Facebook. Foto: Facebook.

O Facebook dissolveu o time interno responsável por avaliar os potenciais efeitos negativos dos produtos da companhia.

O chamado time de Responsible Innovation incluía engenheiros de software e especialistas no campo da ética e era liderado por uma vice-presidente.

A unidade interagia com outros times dentro da empresa, assim como experts de fora em temas chave como privacidade.

A decisão foi revelada pelo Wall Street Journal. A Meta, companhia dona do Facebook, Instagram, WhatsApp e outros negócios do grupo, confirmou o fato e disse que alguns profissionais serão transferidos (provavelmente os engenheiros de software), mas que as vagas não são garantidas (possivelmente para os especialistas em ética).

O fechamento da área de Responsible Innovation acontece em um contexto de cautela nas grandes empresas de tecnologia, agravado no caso do Facebook pela queda nas receitas de publicidade na rede social.

Em julho, a Meta reportou sua primeira queda de receita em 12 anos como empresa pública, com uma redução de 1%.

A expectativa da Meta é que a receita caia novamente no terceiro trimestre, registrando uma redução de 1,7% no melhor cenário e 10% no pior.

A empresa já tinha feito reduções nas sua área de e-commerce e games, enquanto aumenta o foco em vídeos curtos no Instagram e aumenta a receita com propaganda.

Nesse contexto, talvez seja o caso que a área de Responsible Innovation não só não tenha uma contribuição direta com os objetivos da Meta, como inclusive possa atrapalhar com todo tipo de perguntas inconvenientes.

A situação macroeconômica incerta está fazendo as grandes empresas do Vale do Silício se adaptarem rápido. No caso do Facebook, isso envolve deixar para lá preocupações contraproducentes sobre o bem estar dos usuários.

No caso do Google, a mudança se refletiu no abandono de uma política de RH considerada mais relax em comparação com os grandes players tradicionais do mercado de tecnologia.

Na semana passada, surgiu a informação de que o Google quer aumentar a produtividade da empresa em 20%, com uma série de medidas destinadas a simplificar processos internos e cortar custos.

Segundo informações do Business Insider, o plano passa por uma redução de um terço na lista dos objetivos e resultados chave (os famosos OKRs, na sigla em inglês) para 2023.

Já o site The Information revela que a empresa já disse aos seus gerentes sênior para limitar as viagens de trabalho a atividades de "missão crítica”, excluindo eventos sociais, atividades de integração de equipes e qualquer evento presencial com uma alternativa virtual.