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GitHub vai migrar para Azure

Plataforma vai trocar data center próprio pela nuvem da Microsoft. Projeto é complexo.

13 de outubro de 2025 - 04:16
GitHub troca de lar. Foto: Depositphotos.

GitHub troca de lar. Foto: Depositphotos.

O GitHub, popular plataforma para desenvolvedores de software, vai migrar sua infraestrutura para a nuvem Azure da Microsoft, em um projeto de dois anos que promete ser especialmente desafiador.

Segundo documentos internos obtidos pelo site The New Stack, a Microsoft estabeleceu que o projeto tem prioridade, mesmo que isso signifique “adiar o desenvolvimento de novos recursos”.

O prazo inclui 18 meses de execução, mais uma margem de segurança de seis meses de margem de segurança. Como os dois sistemas devem funcionar em paralelo por seis meses, a meta é concluir a migração em 12 meses.

A Microsoft comprou o GitHub em 2018 por US$ 7,5 bilhões, com a promessa de manter a empresa autônoma (muitos desenvolvedores não acharam legal a ideia de depositar seu código sob os cuidados da Microsoft).

Nos últimos tempos, porém, as coisas foram mudando. O CEO Thomas Dohmke deixou o Github em agosto e a empresa já estava mais integrada no organograma da Microsoft. 

Parte do problema é que as novas demandas geradas pela inteligência artificial e o serviço Copilot da Microsoft para desenvolvimento de software estão sobrecarregando o data center do GitHub nos Estados Unidos.

O serviço tem enfrentando mais interrupções, em parte porque o data center atual sofre com restrições de recursos e problemas de escalabilidade. 

“É uma questão existencial para o GitHub ter a capacidade de escalar e atender às demandas de IA e do Copilot, e a Azure é nosso caminho daqui para frente”, escreve no comunicado o CTO do GitHub, Vladimir Fedorov.

O GitHub já havia iniciado a migração de partes de seus serviços para a Azure, mas essas tentativas foram lentas e, em alguns casos, fracassaram. 

Alguns projetos, como a iniciativa de “residência de dados” (internamente chamada de Project Proxima), que permite aos clientes corporativos armazenar todo o seu código na Europa, já utilizam exclusivamente regiões locais da Azure.

Uma migração completa, porém, é outro papo. Alguns funcionários do GitHub ouvidos pelo The New Stack demonstram preocupação com as prováveis dificuldades da migração.

O caso é que o núcleo do serviço do GitHub funciona em clusters de MySQL rodam em servidores bare metal, podem não se adaptar facilmente à Azure, aumentando o risco de novas interrupções.

Explicando  um pouco, os tais “clusters de MySQL” são vários servidores de banco de dados MySQL interligados para trabalhar em conjunto, garantindo desempenho e redundância (um banco replica dados de outro).

Bare metal parece um tipo de banda de rock, mas na verdade é um termo que se usa para definir máquinas físicas dedicadas, sem camada de virtualização ou nuvem. 

É um jeito complexo de ter infraestrutura, porque o dono é responsável por tudo, desde o sistema operacional até a substituição de peças defeituosas, passando por rede, segurança, monitoramento e atualizações. 

Apesar de ser uma opção para uma empresa com um viés técnico como a GitHub, com  bancos de dados grandes, cargas estáveis ou sistemas sensíveis à latência, sistemas baseados em bare metal são um problema quando a demanda fica meio imprevisível, o que parece ser o caso agora.