NUVEM

Google Cloud quer migrar mainframes

Promessa é antiga, mas novo serviço tem tecnologia do Santander por detrás.

13 de outubro de 2022 - 06:09
O fim de uma era? Foto: https://www.flickr.com/photos/foundin_a_attic

O fim de uma era? Foto: https://www.flickr.com/photos/foundin_a_attic

O Google Cloud está preparando um novo serviço para facilitar a migração de cargas de trabalho rodando em mainframes para a sua nuvem. 

Promessas desse tipo são antigas e os mainframes seguem por aí, mas o Google Cloud tem a seu favor nesse caso que a tecnologia para o novo Dual Run for Google Cloud foi desenvolvido pelo Santander, que está rodando um grande projeto de migração para a nuvem. 

O software criado pelo banco espanhol, chamado Gravity, ajudou a migrar 80% da infraestrutura do Santander para diferentes provedores de nuvem pública, incluindo sistemas de core banking para transferências, depósitos e empréstimos, que normalmente rodam em mainframe.

O Google Cloud deu uma amostra do novo serviço no Google Cloud Next, o seu grande evento anual, sem revelar uma data de lançamento ou grandes detalhes técnicos.

A promessa é simples: as aplicações dos clientes rodando em mainframe serão replicadas na nuvem do Google, rodando simultaneamente com a infraestrutura tradicional para um período de testes sobre performance e estabilidade, sem interrupções da operação.

Chegado o momento, os clientes vão virar a chave, rodando o sistema na nuvem, enquanto o mainframe pode seguir funcionando como um backup. 

O maior mercado potencial para o novo serviço é o setor financeiro, onde os mainframes abundam. Além do fato da tecnologia ser do Santander, também deve contar pontos nesse nicho o fato do Google ter habilitado grandes consultorias como Atos, Capgemini, Infosys e Kyndryl para atuarem nesse tipo de projetos.

A Kyndryl, oriunda de um spin off da área de infraestrutura da IBM, é também parceria da Microsoft numa iniciativa do mesmo tipo focada em Azure. Vale notar que a IBM é ainda um grande player no mercado de mainframes.

Grandes sistemas legados e questões regulatórias sempre foram vistas como um empecilho para um aumento da adoção de computação na nuvem no setor financeiro.

De acordo com uma pesquisa da CIO Surveys de 2020, só 16% das empresas do setor de serviços financeiros adotaram nuvens públicas, abaixo da média de mercado de 24%.

Mas as coisas estão mudando. No Brasil, o Itaú fechou um grande contrato de 10 anos com a AWS em 2021, visando migrar 50% da infraestrutura do banco para a nuvem até o fim deste ano. O banco está em lua de mel com a AWS. 

A abordagem não é unânime. Ainda em maio, o Banrisul investiu R$ 83 milhões em um novo data center, no qual as estrelas são dois mainframes IBM Z15, que suportam até 23 CPUs e 8 TB de memória cada.