Marcelo José de Araújo Prado, durante a assinatura do protocolo com a RW3. Foto: ICI/CentralPress
O ICI (Instituto das Cidades Inteligentes), uma associação sem fins lucrativos focada em fornecer soluções de tecnologia que tem entre seus principais clientes a prefeitura de Curitiba, fechou um acordo para usar tecnologias de nuvem e comunicações do Google nos seus produtos.
O acordo foi fechado com a RW3 Tecnologia, parceira do Google de São Paulo com uma base de cerca de 20 mil contas do Google Apps for Work, incluindo diversos nomes no setor público como PM-RJ, Governo do Mato Grosso e de Santa Catarina e a Embasa, empresa de saneamento da Bahia.
A ideia do ICI não é atuar como uma revenda pura e simples, mas integrar funcionalidades do Apps for Work e da plataforma de computação em nuvem do Google nas suas 38 soluções para o setor público, distribuídas por nove áreas.
“Podemos usar a nuvem do Google em combinação com o nosso data center, ou incluir soluções de formulários e processos baseados no e-mail nas nossas soluções”, resume o diretor administrativo e financeiro do ICI, Marcelo José de Araújo Prado.
As possibilidades relacionadas com contas de e-mails são as mais chamativas. O ICI administra 35 mil contas de correio eletrônico da prefeitura de Curitiba, rodando sobre a solução open source Zimbra. Outras implantações foram feitas nas prefeituras de Teresina e Osasco, na grande São Paulo.
A parceria ainda está na fase do termo de cooperação técnica, mas a expectativa de Prado é começar a capacitar as equipes internas nos próximos dois meses.
O tipo de acordo que o ICI assinou com a RW3 sinaliza as possibilidades de penetração no segmento público de soluções de comunicação na nuvem como o Google Apps for Business.
Ainda durante o primeiro governo Dilma Rousseff, veio a público que a agência americana NSA estaria espionando as comunicações da presidente.
A revelação de Edward Snowden deixou como consequência prática uma série de decretos e normativas publicadas prevendo que dados do governo federal sejam armazenados em data centers no país e circulem somente por redes de telecomunicações e serviços de tecnologia controlados por empresas estatais.
No campo do e-mail, isso significaria adotar implantações baseados em Zimbra, como a que usa Curitiba; ou produtos como o Expresso, um software de correio eletrônico baseado na plataforma alemã E-Groupware criado em 2005 pela Celepar, estatal paranaense de processamento de dados com cerca de 900 mil contas instaladas.
Já no segundo mandato de Dilma, no entanto, a retórica em torno do assunto arrefeceu, e alguns grandes órgãos públicos, inclusive federais, começaram a adotar soluções do Google ou da Microsoft.
Com Michael Temer oficializado na presidência e uma agenda de concessões, privatizações e corte de custos ganhando força, o desenvolvimento dentro do governo de software de correio eletrônico deve ficar ainda mais embaixo na lista de prioridades.
O ICI é um animal híbrido no mercado de soluções para a administração pública, principalmente na esfera municipal, dividido entre uma série de empresas privadas que atendem o mercado de massa e empresas públicas de processamento de dados nas maiores capitais.
Criado em 1998, a ICI é administrada como uma empresa privada e gerida por um conselho de administração no qual tem assento entidades empresariais como Assespro-PR, da área acadêmica com cinco assentos; e do maior cliente, a prefeitura de Curitiba, com quatro.