IDEIAS

Larry Ellison aposta em Oxford

Dono da Oracle quer transformar a cidade da Inglaterra no novo Vale do Silício.

18 de setembro de 2025 - 10:25
Larry Ellison, fundador da Oracle - Foto: Depositphotos

Larry Ellison, fundador da Oracle - Foto: Depositphotos

Larry Ellison, fundador da Oracle e atualmente o homem mais rico do mundo, está investindo pesado em Oxford, com o sonho de transformar a cidade inglesa, sede da famosa universidade, em uma espécie de novo Vale do Silício.

Para isso, o multimilionário criou o Ellison Institute of Technology (EIT), um instituto focado em acelerar a inovação em saúde e ciência médica, segurança alimentar e agricultura sustentável, mudança climática e energia limpa, além de inovação governamental na era da inteligência artificial.

O local passará por um projeto de criação de um campus de 28 mil metros quadrados, com custo estimado em 1 bilhão de libras e previsão de conclusão até 2027.

O espaço contará com laboratórios de pesquisa, uma clínica de oncologia e cuidados preventivos, instalações de supercomputação e espaços educacionais e de reunião.

O instituto terá profissionais de Oxford, Cambridge e outras instituições britânicas de ponta. 

Segundo o jornal Telegraph, alguns funcionários que hoje fazem parte da matriz no Vale do Silício se mudaram para a Inglaterra, mas o objetivo é recrutar talentos da tradicional universidade.

O EIT terá como meta fornecer cerca de 20 bolsas de estudo integrais em Oxford a cada ano para estudantes de graduação e pós-graduação do mundo todo.

Para Ellison, o centro de pesquisas terá a missão de “resolver alguns dos problemas mais desafiadores e duradouros da humanidade”, como a criação de medicamentos, o combate à fome por meio da engenharia de culturas e a desaceleração das mudanças climáticas com sistemas eficientes de geração e armazenamento de energia limpa.

Ellison vem investindo na Universidade de Oxford desde a pandemia, quando, em conjunto com a Oracle, trabalhou em um sistema para identificar variantes do coronavírus.

No final de 2024, o fundador da Oracle pagou cerca de 162 milhões de libras a um investidor listado em Hong Kong, o Chinese Estates, para a compra de uma propriedade na St James Square, provável sede do EIT na Inglaterra.

O EIT existe na Califórnia desde 2009 e, em 2023, Ellison teve a ideia de estabelecer o instituto na cidade inglesa, influenciado pelo professor Sir John Bell, com quem trabalhou na pesquisa do vírus da Covid-19, além da amizade com o ex-primeiro-ministro Tony Blair, formado em Oxford e próximo de Ellison desde que ele começou a se aventurar na filantropia.

Em 2010, o dono da Oracle, junto a outros bilionários como Bill Gates, Mark Zuckerberg e Warren Buffett, assinou o Giving Pledge, compromisso em que pretendiam doar 95% de suas fortunas para causas beneficentes antes de morrer.

Mais de uma década depois, os planos de Ellison mudaram após outro bilionário, Marc Andreessen, lançar um manifesto tecno-otimista em 2023. No texto, ele afirma que “a inovação tecnológica em um sistema de mercado é inerentemente filantrópica”.

Segundo o fundador da Oracle, a criação do EIT será seu grande caso de filantropia, já que será criada sem fins lucrativos, terá financiamento de longo prazo, afetará os lucros da empresa e terá a função de criar companhias comerciais para o bem público.

Musk, amigo de Ellison e também signatário do Giving Pledge, afirmou em uma entrevista que suas empresas “SpaceX, Tesla, Neuralink e Boring Company também são filantropia”.

Ellison nasceu em 1944, na cidade de Nova York. Nunca chegou a terminar a faculdade e trabalhou como programador na Ampex, onde conheceu seu futuro sócio, Robert Miner. Juntos criaram a Oracle em 1977.

A partir de um conceito de banco de dados não explorado pela IBM, eles montaram um sistema compatível com centrais de computadores e diversos terminais simultâneos. Nasceu o Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD), que conseguiu seus dois primeiros clientes: a Força Aérea americana e a CIA.

A empresa virou referência em banco de dados e cresceu nos últimos 40 anos, expandindo-se para vários setores da tecnologia.

Larry Ellison, se tornou o homem mais rico do mundo por um dia, ou por algumas horas, quando, na quarta-feira, 10, viu as ações da sua empresa subirem 40% e sua fortuna ser avaliada em US$ 393 bilhões, superando os US$ 384 bilhões de Elon Musk.

Um dia depois, após nova rodada na bolsa de valores americana, o sul-africano radicado nos Estados Unidos recuperou o posto, já que as ações da Oracle caíram. Agora, Musk continua com o mesmo valor de antes, e Ellison ficou com apenas US$ 383 bilhões.

As altas ocorreram após a divulgação do balanço do primeiro trimestre fiscal, com destaque para um volume recorde de US$ 455 bilhões em receitas futuras contratadas (RPO), alta de 395% em um ano, que chegou a superar rivais do mercado de nuvem, como Microsoft, Amazon e Google.

Apoiador de Trump e amigo de Musk, de cujo conselho na Tesla participou entre 2018 e 2022, Ellison ganhou status de excêntrico ao comprar e morar em uma ilha no Havaí desde 2020.

O executivo foi casado seis vezes e tem dois filhos que trabalham em Hollywood. Sua filha Megan é fundadora da produtora cinematográfica Annapurna Pictures, responsável pelo filme Her, com Joaquin Phoenix, e seu filho David é fundador da Skydance Media, produtora dos filmes da franquia Missão Impossível.