CREDOR

Santander quer e-mails do CEO da Americanas

Medida faz parte do pedido de anulação da recuperação judicial da varejista.

25 de janeiro de 2023 - 14:54
Caso da Americanas ainda não acabou. Foto: Divulgação

Caso da Americanas ainda não acabou. Foto: Divulgação

O banco Santander pediu ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) o acesso a e-mails e mensagens no WhatsApp e Telegram de Miguel Gutierrez e Sérgio Rial, ex-CEOs da Americanas, e de acionistas controladores da companhia.

A medida faz parte de um pedido judicial de anulação da recuperação da Americanas feito pelo banco na última terça-feira, 24.

Em relação às mensagens, o Santander pede o acesso a "todas as correspondências, incluindo e-mails, cartas e/ou mensagens de WhatsApp, Telegram ou qualquer rede social, que os executivos e demais empregados da companhia tenham recebido ou trocado com os acionistas controladores nos últimos 10 anos, a respeito das chamadas operações de risco sacado e quaisquer outras relacionadas às 'inconsistências contábeis'".

Além disso, os advogados do banco solicitaram à Justiça do Rio de Janeiro depoimentos dos ex-CEOs Miguel Gutierrez e Sérgio Rial, que deixou o cargo nove dias após ser empossado, de Carlos Alberto Sicupira, um dos acionistas da empresa, e de Jorge Felipe e Paulo Lemann, filhos de outro acionista.

Segundo o Correio Braziliense, outros pontos do pedido judicial incluem a suspensão das proteções concedidas à Americanas no processo carioca; o congelamento de pagamentos dos financiamentos anteriores ao pedido; e o prazo de 180 dias para renegociar o valor da dívida.

Conforme o site O Antagonista, o banco alega que não há como os administradores que participavam do cotidiano da companhia não saberem do rombo fiscal, que já chega a R$ 43 bilhões.

HISTÓRICO

Em 11 de janeiro, a Americanas anunciou que registrou “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões em seu balanço.

A descoberta, numa investigação ainda em caráter preliminar, levou o CEO Sergio Rial e o CFO André Covre a renunciarem ao cargo. 

O centro da revelação é a dívida da Americanas com seus fornecedores, que pode ter sido subestimada ao longo dos últimos anos. 

O problema (ou a fraude) está em um tipo de operação em que um banco paga o fornecedor da companhia, que passa a dever diretamente ao banco.

No dia 19, a empresa realizou um pedido de recuperação judicial para renegociar as dívidas após uma tentativa mal sucedida de negociação com seus bancos credores, entre eles BTG Pactual, Bradesco, Safra e Banco do Brasil.

A CNN revelou ainda que o BTG Pactual, um dos mais afetados pelo rombo, foi o único credor omitido na solicitação judicial após obter uma liminar na Justiça.