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SAP: € 20 bi em soberania de nuvem

Gigante alemã quer oferecer alternativa às nuvens americanas na UE.

05 de setembro de 2025 - 06:39
SAP aposta em nuvem na Europa. Foto: Depositphotos.

SAP aposta em nuvem na Europa. Foto: Depositphotos.

A SAP tem planos de investir € 20 bilhões nos próximos 10 anos em uma estrutura de “nuvem soberana” baseada na Europa, se tornando uma alternativa para as gigantes de nuvem americanas como AWS, Google e Microsoft.

O alvo da iniciativa são o setor público e indústrias reguladas de todo tipo, que andam cabreiros com os rumos dos Estados Unidos sob o comando de Donald Trump.

Já existe uma regulamentação europeia para o tema proteção de dados, a GDPR. Recentemente, a Meta levou uma multa de € 1,2 bilhão da Irlanda por transferir dados para os Estados Unidos. 

A SAP terá duas opções para tanto: infraestrutura da própria multinacional, instalada em três data centers na Alemanha e em compliance com a GDPR, a lei de proteção de dados europeia. 

Um segundo plano seria o cliente hospedar os dados on-premise ou em um data center selecionado (algum dos grandes provedores europeus, que não chegam a ser tão conhecidos, mas existem). 

É preciso colocar as coisas em perspectiva. Apesar do valor parecer bombástico, € 20 bilhões não são nenhuma fortuna no jogo dos chamados “hyperscalers”. 

Em junho, o CEO da SAP, Christian Klein, já tinha alertado que não era viável bater de frente contra os grandes players americanos construindo infra de data center. 

No anúncio do novo investimento, a SAP frisou que o dinheiro tem como alvo “assegurar soberania onde ela mais importa”, por investimento em software para garantir o compliance e não tanto na construção de infraestrutura propriamente dita.

O que está em jogo no movimento da SAP é o conceito de “soberania de dados”, ou, para ser mais exato, sob que jurisdição ficam os dados hospedados na nuvem A, B ou C.

As gigantes americanas, visando tranquilizar seus clientes fora dos Estados Unidos, sempre disseram que é possível ter um ambiente nas suas nuvens de maneira totalmente independente das autoridades americanas.

No caminho está o chamado “The Cloud Act”, uma lei americana de 2018 que dá ao governo dos Estados Unidos o acesso a dados de empresas do país independentemente de se elas estão em território nacional ou não.