CILADA

Site de corretora fake: metade vai na onda

Experimento da Anbima e CVM mostra público pouco preparado para lidar com fraudes.

06 de junho de 2024 - 06:59
Não coloquem a mão aí! Foto: Depositphotos.

Não coloquem a mão aí! Foto: Depositphotos.

Um site de corretora de valores fake, com uma série de sinais suspeitos, é promovido em mídias sociais.

Quantas das pessoas que acessam o site clicam nos links disponíveis, sinalizando disposição para cair num golpe? 

A resposta é: quase metade (48%) e a gente sabe disso porque o site foi criado e promovido como parte de um experimento da Anbima (Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais) e pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

O site da Yellow Invest permaneceu no ar por quatro meses, ao longo do qual foi promovido com anúncios em redes sociais, recebendo 880 mil acessos.

A Anbima e a CVM não chegam a dizer em quais redes promoveu o site da Yellow, mas uma aposta óbvia seria o Instagram, uma rede social popular no Brasil que tem um histórico para lá de pobre em reprimir fraudes dentro da plataforma.

A página criada para o experimento mostra todo tipo de deixas de que não se trata de um empreendimento sério. 

O site por exemplo não traz um endereço físico ou qualquer forma de contato. 

Os sites de empresas de investimento ou corretoras devem apresentar o CNPJ — esse dado fica no final da página (rodapé).

Ele também promete benefícios extras para quem indicar outras pessoas para o investimento, um indício claro de pirâmide financeira, além de rendimentos de 2% ao mês, muito acima de qualquer aplicação normal. 

Como referência, o site da Yellow Invest traz apenas depoimentos genéricos, com fotos, que, pelo menos para um olho um pouco mais treinado, claramente vem de bancos de imagens. 

Em 2020, a CVM enviou 325 notificações de indícios de crimes financeiros aos Ministérios Públicos (Federal e Estaduais), 75% a mais em relação ao ano anterior.

Dos 325 casos encaminhados à justiça, 175 deles tinham indícios de ser pirâmides financeiras.

O problema do experimento da Anbima e da CVM é que ele interrompe o funil de captação da vítima logo no primeiro clique no site, o que não necessariamente sinaliza que a pessoa em questão efetivamente transferiria o dinheiro. 

Por outro lado, quase a metade de 800 mil acessos no passo seguinte de uma fraude num site obviamente suspeito já são um indicador e tanto.