
Rivaldo Ferreira, vice-presidente regional da vertical de Utilities da Sonda, colocando a ênfase em EAM e FSM.
A Sonda, uma das maiores empresas de tecnologia da América Latina, acaba de fechar um acordo para revender os produtos da IFS, uma multinacional sueca de sistemas de gestão, para clientes no chamado setor de utilities.
Pode parecer um anúncio trivial, do tipo que empresas de tecnologia fazem o tempo todo, mas dando uma segunda olhada é possível ver grandes consequências no acordo, principalmente para a IFS.
Empresas do setor elétrico são um dos principais integrantes do chamado setor de utilities. Esse é um mercado tradicionalmente dominado pela SAP, da qual a Sonda é por sua parte uma das maiores parceiras na região.
Compreensivelmente, esse aspecto do acordo não chega a ser mencionado pela Sonda numa nota distribuída para a imprensa.
A empresa também não respondeu a perguntas enviadas pelo Baguete sobre como deve trabalhar a oferta de tecnologias concorrentes para a sua base de clientes na área de utilities.
Uma pista de como a Sonda deve trabalhar com a linha de produtos da IFS vem na mesma nota.
A IFS atua no segmento de sistemas de gestão (ERP), no qual concorre com a SAP, mas o seu diferencial mesmo são produtos de gerenciamento de serviços de campo (FSM) e gerenciamento de ativos de valor (EAM).
Em FSM, por exemplo, a IFS é líder no Quadrante Mágico do Gartner por sete anos consecutivos. No tema EAM, a empresa é líder em participação de mercado, também de acordo com o Gartner.
FSM e EAM, inclusive, caem como uma luva no setor de utilities, onde grandes equipes de funcionários precisam gerenciar diferentes equipamentos na rua de maneira eficiente, ou uma cidade como São Paulo fica sem energia.
A força da IFS em FSM e EAM leva a empresa a vender ERP para todo tipo de segmentos que têm ativos caros e com longa vida útil, o que inclui também áreas como a farmacêutica, eletrônicos ou aeroespacial.
"Nas áreas de EAM e FSM, nada se compara ao nível de suporte oferecido pela IFS, à modularidade de sua solução e à facilidade de personalização", explica Rivaldo Ferreira, vice-presidente regional da vertical de Utilities da Sonda, colocando a ênfase em EAM e FSM, que parecem assim ser o foco principal do acordo.
É fácil de entender o motivo: quando o assunto é ERP em particular, a SAP é quase um padrão das empresas de energia. Pelas contas da multinacional alemã, a participação de mercado chega a 80%.
A vertical de utilities da Sonda criou um centro de competência nas soluções IFS no Brasil, focado em apoiar projetos em toda região.
Um acordo com a Sonda, em especial no nicho de utilities, é um empurrão e tanto para a IFS, uma empresa algo discreta em nível mundial, com um faturamento de US$ 813 milhões em 2022.
Segundo o seu site, a IFS tem 10 canais habilitados a vender licenças ou serviços da empresa no Brasil. Ainda em 2019, a IFS fazia 70% das suas vendas diretamente no país.
A Sonda faturou US$ 1,24 bilhão em 2022. Mais importante ainda no contexto do acordo com a IFS é o peso específico da empresa no segmento de utilities no Brasil.
Ainda em 2012, a Sonda comprou a Elucid, uma empresa paulista especializada em utilities com 60 clientes, dentre os quais estavam 25% das distribuidoras de energia elétrica do Brasil.
Desde então, a Sonda sempre manteve um fluxo constante de grandes projetos no segmento, tanto em implementação de ERP da SAP como de sistemas complementares, incluindo nomes como Elektro, CPFL e CEEE.