.png?w=730)
Cuidado com as câmeras (Foto: Depositphotos)
Funcionários da Tesla usavam vídeos feitos pelo sistema de câmeras de veículos da marca para se divertir dentro de um canal de comunicação da empresa, transformando os conteúdos em memes e zombando dos clientes capturados nas gravações.
A informação foi revelada pela Reuters, que entrevistou nove ex-funcionários da companhia sobre o assunto.
Segundo a agência de notícias, os vídeos circularam no escritório de San Mateo, na Califórnia, entre 2019 e 2022, através do Mattermost, sistema de mensagens usado na empresa. Não foi confirmado se a prática continua em vigor.
Conforme descrevem os entrevistados, eram compartilhados vídeos de momentos embaraçosos e pessoais dos clientes.
Em um dos episódios, um homem nu foi visto se aproximando do carro. Em outros casos mais sérios, os colaboradores distribuíram vídeos de acidentes de carro e momentos de fúria no trânsito.
Um dos vídeos mostrava um veículo em alta velocidade dirigindo em uma área residencial, que atingiu uma criança que andava de bicicleta.
Para um dos entrevistados pelo Business Insider, visualizar essas imagens era como ter acesso aos “olhos de Deus”.
Outros, afirmam que os memes se concentravam em zoar Elon Musk, cofundador e CEO da Tesla.
O hábito de bisbilhotar a propriedade privada dos clientes e, em especial, suas garagens, levou os funcionários a descobrirem na garagem do próprio Musk um Lotus Espirit utilizado no filme O Espião Que Me Amava, de 1977, da franquia de 007.
A estimativa é que o empresário tenha comprado o carro por aproximadamente US$ 1 milhão.
O PROBLEMA
Enquanto alguns dos funcionários dizem apenas terem tido acesso às imagens com propósitos legítimos de trabalho, como por exemplo revisar as gravações e garantir o funcionamento do sistema de assistência ao motorista dos carros, outros claramente se divertiam com a invasão de privacidade.
Ironicamente, um ex-colaborador que acredita que era “muito legal” ter acesso às imagens, passou a cobrir as câmeras do seu próprio Tesla por se preocupar com o uso das gravações captadas.
Apesar do ocorrido, em seu acordo de privacidade do cliente, a Tesla afirma que as gravações realizadas são mantidas em anonimato, não sendo relacionadas nem ao cliente nem ao veículo em questão.
À Reuters, sete ex-funcionários disseram que o programa utilizado pela empresa, na realidade, mostrava a localidade das gravações, o que permitia descobrir quem era o dono do veículo e onde ele vivia.
A companhia também garante que o sistema de câmeras é desenhado para proteger a privacidade do cliente e que as imagens são compartilhadas apenas com a permissão dos consumidores.
Caso o cliente aceite as condições, a Tesla informa que os dados coletados no veículo poderão ser analisados pela companhia para ajudar a melhorar os produtos e funcionalidades comercializados pela empresa. As cláusulas, entretanto, não mencionam piadas às custas dos clientes da marca.