SELFIES

Tinder aumenta segurança

App de paquera agora faz biometria facial de novos usuários.

25 de novembro de 2025 - 12:31
Tinder vai olhar melhor quem entra no app. Foto: Depositphotos.

Tinder vai olhar melhor quem entra no app. Foto: Depositphotos.

O Tinder, um dos aplicativos de paquera mais populares do Brasil, passou a pedir identificação pessoal para a abertura de novas contas na América Latina. 

O chamado Tinder Face Check pede que o usuário faça uma selfie de vídeo, um procedimento comum na abertura de contas em bancos digitais.

A empresa não abriu quem são os fornecedores da tecnologia que faz a checagem funcionar, o que provavelmente inclui alguma grande empresa brasileira de biometria facial.

É um contrato e tanto, de qualquer forma: o Brasil é o terceiro maior mercado do app de relacionamentos, atrás somente dos Estados Unidos e Reino Unido.

A decisão do Tinder é chamativa. No mundo dos apps de relacionamento, o uso de biometria no processo de onboarding é menos frequente do que em outro tipo de aplicações. 

Segundo o Match Group, dono do Tinder, o aplicativo é o primeiro a implementar a biometria facial de forma obrigatória.

Os novos usuários terão um selo de ‘Foto Verificada’, sinalizando aos demais que seu perfil foi autenticado. 

O Face Check detecta, ainda, quando o mesmo rosto é utilizado em múltiplas contas, o que representa uma camada adicional de proteção contra perfis falsos.

Até agora, esse tipo de recurso já estava disponível em países como Colômbia, Canadá, Austrália, Índia e países do sudeste asiático. 

O Tinder afirma que a medida trouxe 60% menos exposição a pessoas mal intencionadas, o que inclui contas com comportamento danoso identificado, incluindo spams, tentativas de golpes ou automação de perfis falsos (robôs), além de uma queda de 40% de queda em perfis denunciados.

“Face Check é, talvez, o recurso de segurança com maior impacto tangível que já vi ao longo de 15 anos de carreira”, afirma Yoel Roth, Head de Trust & Safety no Match Group.”É um avanço que estabelece novos parâmetros de segurança na indústria de aplicativos de namoro”.

Aumentar a segurança é uma forma de tentar se manter relevante, em meio a um certo desgaste do conceito de apps de paquera. 

O número de assinantes pagantes caiu de 10,9 milhões em 2022 para 9,6 milhões em 2024, e o mercado global de apps de namoro mostra sinais de estagnação, com queda de downloads de cerca de 20% desde 2020.

No Brasil, um componente do problema é a segurança. O Tinder oferece um campo de atuação para uma série de golpistas, indo desde golpes mais ou menos inofensivos, nos quais os criminosos pedem pequenas quantias pelo Pix, até extorsão depois de obter fotos quentes (os famosos “nudes”).

Recentemente, a Polícia Civil de São Paulo descobriu um vínculo de uma quadrilha que aplicava o “golpe do Tinder” com a facção Primeiro Comando da Capital (PCC). 

O grupo criou “Maria Clara”, uma fantasia virtual para atrair homens para encontros. 

No caso da conexão com o PCC, um homem de 48 anos que passou três dias em cativeiro na zona Leste de São Paulo no início de outubro de 2022. A quadrilha tomou R$ 220 mil da vítima, além de um carro e outros bens.