CRISE

Vem aí uma greve na CI&T?

Sindicatos ameaçam com paralisação por redução do PLR na empresa.

04 de março de 2024 - 05:40
Sindpd ameaça com cadeiras vazias na CI&T. Foto: Divulgação.

Sindpd ameaça com cadeiras vazias na CI&T. Foto: Divulgação.

O Sindpd e o Sitepd, sindicatos de profissionais de TI de São Paulo e do Paraná, convocaram uma assembleia de funcionários da CI&T, para essa semana, no que pode ser um passo inicial para uma greve na empresa, uma das maiores do país.

O evento será realizado no dia 6 de março de 2024, às 18 horas, por meio de um evento ao vivo no Microsoft Teams. 

A pauta é uma reação à redução do plano de participação nos resultados da empresa, cujo valor caiu de 52% para 3% do salário.

Segundo os organizadores, a plenária pode deliberar sobre a aprovação da convocação de um assembleia de greve ou judicialização do caso, diante da “falta de diálogo e transparência por parte da empresa”.

Uma greve, por tanto, é só uma das opções na mesa. Vale destacar que uma greve numa empresa privada de TI é um acontecimento bastante raro. Por outro lado, existe um exemplo recente, promovido pelo Sindpd.

Em abril do ano passado, o sindicato convocou uma greve na Qintess, uma grande integradora de tecnologia, com 2,6 mil funcionários em São Paulo.

A situação na Qintess era bem mais séria: a empresa estava atrasando salários e pagamentos de FGTS e INSS. Outro facilitador da greve foi o fato de muitos deles estarem alocados em grandes clientes no setor público.

Mesmo assim, a adesão à greve foi baixa. A Qintess falou em 5% dos funcionários em São Paulo. O Sindpd não falou em cifras, mas em “participação efetiva”, especialmente dos funcionários em home office.

A greve terminou em menos de 24h, com um acordo levemente mais favorável para o sindicato do que as condições oferecidas pela Qintess antes da paralisação. 

De qualquer forma, foi um marco, e o Sindpd passou a usar a ameaça de greve em outras negociações, como o PLR da Stefanini, uma disputa que se arrastava a mais de uma década e teve um desfecho favorável para o Sindpd no ano passado. 

ENTENDA O CASO

A informação sobre o corte na PLR na CI&T surgiu na quinta-feira, 29, vinda do Sindpd. 

O Sindpd acusa a empresa de não ter negociado a redução com o sindicato, o que seria sua obrigação legal.

Em nota, a CI&T desmentiu o sindicato, e afirma que o PLR de 2023 foi realizado em “conformidade com a legislação vigente e a Convenção Coletiva”, e houve um “convite oficial para a participação dos respectivos sindicatos representativos de cada base da companhia”.

A nota do CI&T não diz com todas as letras que convidou o Sindpd. Procurada, a empresa disse por meio da sua assessoria de imprensa que o sindicato procurado em São Paulo foi efetivamente o Sindppd, o que estabelece um duelo de versões.  

O sindicato, por sua parte, afirma que o seu departamento jurídico está trabalhando para reverter a decisão da CI&T, além de ter criado um um canal no WhatsApp para informes e notícias, com participação anônima para os funcionários da empresa. 

A CI&T disse na sua nota que está organizando uma “série de ações internas” sobre o assunto.

Segundo a reportagem do Baguete pode averiguar com fontes da CI&T, a redução do PLR não foi exatamente bem recebida pelos funcionários, então é de se esperar que o sindicato tenha respaldo interno para sua mobilização.

O Sindpd também afirma na sua nota que a CI&T justificou internamente a exclusão da participação sindical alegando discordância com a “taxa negocial” da PLR para os funcionários que não pagam o imposto sindical para o Sindpd. 

Segundo o Sindpd, a taxa em questão é de 6% do PLR, limitado a R$ 600. No contexto de uma redução de mais de 90% no valor do PLR, uma soma com pouca importância.