
Hora de dar o fora. Foto: Depositphotos.
Diego de Lima Gualda renunciou ao posto de administrador do braço brasileiro do X (ex-Twitter), em meio à polêmica entre o dono da rede social, Elon Musk, e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Segundo revela a Folha de São Paulo, Gualda enviou uma carta de renúncia para a Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) já registrada na ficha cadastral da empresa.
Ainda não consta na ficha o nome de um novo responsável.
Gualda havia assumido o posto em 17 de agosto de 2023, segundo o documento da Jucesp, quando Fiamma Zarife deixou a empresa (a executiva lidera hoje o Airbnb).
No Linkedin, Gualda atualizou seu perfil, informando que atuou no Twitter até abril de 2024.
O profissional de 40 anos chegou à rede social em 2021, após passar dois anos no escritório Machado Meyer, quase um ano e meio como chefe do departamento legal da 99, cinco no Yahoo e seis no Yahoo! Brasil.
Gualda era um profissional de perfil discreto, contratado como diretor jurídico. Não é o perfil de Zarife, uma executiva que tinha muito mais visibilidade como líder do Twitter no país.
Com a saída de Gualda, o time do brasileiro do Twitter fica ainda mais fragilizado, sem uma liderança executiva ou um responsável legal.
Recentemente, o Baguete fez uma pesquisa no Linkedin sobre os funcionários da empresa no país, descobrindo que o time total fica em torno de 50 funcionários, um terço dos 150 que trabalhavam no país antes de Musk assumir o negócio e fazer demissões em massa.
A maioria deles atua em áreas comerciais e de conteúdo. Aqueles que poderiam estar na linha de frente da crise atual têm muito pouco tempo de casa.
(Além de Gualda, a reportagem também achou duas advogadas no time jurídico do X, e uma estudante de direito do Mackenzie fazendo o seu segundo estágio profissional, que certamente vai dominar rodas de conversa nas próximas semanas).
A gerente sênior de políticas públicas no X é Gabriela Salomão, uma profissional que começou a carreira em 2010.
Ela foi gerente por quatro anos na Distrito, uma empresa brasileira de relações governamentais, ou lobby, adquirida pela gigante Edelmann em 2022. Salomão foi contratada em outubro de 2023.
Uma das profissionais com mais anos de casa que o Baguete encontrou foi a diretora financeira Danielle Yumiya, há seis anos no LinkedIn.
Provavelmente vai ser difícil encontrar quem queira se tornar o representante legal do X no país.
Na semana passada, Moraes negou um pedido do X no Brasil para que a responsabilidade por eventual desobediência às decisões judiciais no país fosse atribuída ao X internacional.
Com Musk conduzindo uma briga aberta no X com Moraes e ameaçando descumprir ordens legais, os representantes brasileiros da empresa podem muito bem acabar presos.
A punição de um administrador de uma big tech no Brasil não seria novidade.
Em 2012, o então diretor-geral do Google Brasil, Fabio Coelho, foi detido em São Paulo pela Polícia Federal, sob suspeita de crime de desobediência pelo fato de o YouTube não ter excluído dois vídeos com ataques a um então candidato a prefeito de Campo Grande.
Na ocasião, o executivo foi autuado e liberado no mesmo dia, por se tratar de crime de menor potencial ofensivo.
Já Diego Dzodan, então vice-presidente do Facebook para a América Latina, passou em 2016 uma noite no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, em São Paulo, sob acusação de não colaborar com investigações a respeito de conversas no WhatsApp, que pertence ao Facebook.
A defesa do executivo argumentou que a colaboração não era possível devido à criptografia das conversas no aplicativo, e posteriormente o STJ (Superior Tribunal de Justiça) trancou a ação.