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Assunto divide opiniões. Foto: Divulgação
A Ceitec, estatal federal de chips localizada em Porto Alegre, receberá um investimento de R$ 110 milhões em 2024 para retomar suas atividades depois de mais de dois anos parada.
Luciana Santos, ministra da Ciência e Tecnologia, afirmou à Rádio Gaúcha que R$ 50 milhões já estão garantidos, enquanto o restante ainda deve ser levantado.
Parte do montante deve ser direcionado à atualização de tecnologia e contratação de profissionais.
Hoje, a empresa conta com 70 funcionários. A expectativa é que mais 50 pessoas se juntem à operação através de contratações temporárias, em um primeiro momento. Em seguida, devem ser abertos editais de concursos.
O governo ainda promete consolidar um plano de trabalho com dados mais precisos sobre o mercado. A ideia é focar nos segmentos automotivo e de transição energética, como hidrogênio e biomassa, para os quais a empresa deverá revender e fornecer semicondutores.
A partir disso, o objetivo é desenhar uma linha de atuação, definindo o que produzir e para quem vender. Até então, o que se sabe é que a fábrica se concentrará em tecnologia para carbeto de silício, material altamente resistente a desgastes, ao invés de apenas silício.
Ainda de acordo com a ministra, a expectativa é que, dentro de sete anos, a estatal desenvolva viabilidade econômica para se manter sem depender de recursos públicos.
CAPÍTULOS ANTERIORES
Fundada durante o governo estadual do petista Olívio Dutra no começo dos anos 2000, a Ceitec foi federalizada durante a segunda presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2008.
O centro é focado em projetar e fabricar circuitos integrados, chips, módulos e tags de identificação por radiofrequência e ficou conhecido por desenvolver chips para monitoramento de gado, o “chip do boi”, mas nunca chegou a operar no azul.
Em 2020, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), a decisão de fechar a Ceitec foi tomada depois de rumores sobre sua privatização.
O plano do governo era transmitir propriedade intelectual da Ceitec para a Softex, uma OSCIP, ou seja, entidade privada que atua em áreas típicas do setor público com interesse social.
A Softex deveria assumir 36 patentes de invenção, 11 registros de desenhos industriais e a gestão de 15 projetos de P&D com empresas e instituições de ensino, além de licenças de software, ferramentas de projeto e 48 funcionários.
Para isso, a Softex receberia uma contrapartida de R$ 20 milhões por ano durante quatro anos. Ao final do período, outras fontes de financiamento deveriam ser asseguradas.
No ano passado, o grupo de trabalho de transição da área de Ciência e Tecnologia recomendou ao governo Lula que interrompesse a liquidação da companhia.
Já no início de 2023, o novo governo criou um grupo de trabalho com integrantes de seis ministérios para criar uma proposta que permitisse reverter o processo.
O relatório final deveria encontrar alternativas para o processo de desestatização e liquidação, formular diretrizes para política setorial que incluísse um modelo de gestão e definir um papel para a Ceitec na política de pesquisa e desenvolvimento de semicondutores.
Na última segunda-feira, 6, Lula assinou um decreto que determina a reversão do processo de dissolução societária da empresa.
Hoje, a estatal está sob o comando de Augusto Cesar Gadelha Vieira, um quadro técnico de confiança do PT.