NOMES

Falconi vai usar IA do Google

Consultoria deve abrir portas para o Google entre grandes empresas.

31 de janeiro de 2022 - 07:20
Eduardo López, presidente do Google Cloud para a América Latina. Foto: Divulgação.

Eduardo López, presidente do Google Cloud para a América Latina. Foto: Divulgação.

A Falconi, uma das consultorias de gestão mais badaladas do país, vai usar tecnologia da Google Cloud no seu produto de inteligência artificial, batizado de Falconi Brain.

Em nota, o Google revela que o Falconi Brain já está inclusive em fase piloto com alguns clientes.

O produto visa ajudar na tomada de decisão com diferentes tecnologias do Google Cloud para IA, como mineração de processos, aprendizado de máquina e arquitetura de dados. 

A Falconi já tinha soluções baseadas em AI, usadas para coisas como fazer previsões para aumento de produtividade no agronegócio, demanda por produtos no varejo e reduzir níveis de estoque e custos de manutenção na indústria.

O Google não chega a dizer na sua nota qual era a plataforma tecnológica para essas atividades, o que é uma pena, mas também de se esperar.

O fato da Falconi usar tecnologia de IA do Google embarcada no seu produto é um belo empurrão para a gigante de tecnologia para ganhar espaço entre as maiores empresas do país.

A Falconi conta com 700 consultores espalhados por mais de 40 países, sendo o mais destacado deles o seu fundador, Vicente Falconi, talvez o maior guru empresarial do país.

Falconi foi o primeiro forasteiro a compor o conselho da antiga Brahma, nos anos 90, e o mentor da cultura fortemente meritocrática e competitiva que está no DNA da Ambev hoje.

A consultoria já entregou mais de 6 mil projetos ao longo de 40 anos de história.

“Somos uma empresa que  prioriza o parceiro e a Falconi representa muito bem essa estratégia. Os parceiros veem valor no Google Cloud, pois entendemos que não somos, nem seremos, especialistas em todos os setores”, ressalta Eduardo López, presidente do Google Cloud para a América Latina.

O Google inclusive encomendou em 2020 uma pesquisa da IDC sobre a rentabilidade do canal, que concluiu que os parceiros “tem a oportunidade” de ganhar eles mesmos US$ 5,39 para cada US$ 1 vendido pelo Google Cloud no Brasil. Em 2025, a estimativa é que esse valor chegue a US$ 8,96. 

A linha de argumentação e López, reforçada pela pesquisa da IDC, coloca o Google Cloud na linha clássica de argumentação das grandes empresas de software corporativo que dependem do seus canais para fazer a maior parte das vendas.

(As cifras inclusive estão de acordo com a clássica proporção de 1x7 na relação licenças x serviços, uma dessas leis eternas do setor de tecnologia que ninguém mais sabe de onde vieram).

É um mundo muito diferente do universo monolítico no qual o Google cresceu, no qual a companhia tem muito mais controle sobre tudo.

O Google Cloud, porém, funciona de outra forma e vem desenvolvendo rapidamente uma presença própria no país.

Em julho do ano passado, o Baguete revelou que a empresa tinha aumentado seu time em 10 vezes nos 18 meses anteriores, chegando a 200 pessoas e estruturando assim uma operação comercial sofisticada no país.

Marco Bravo foi contratado em fevereiro de 2020 para liderar o Google Cloud no Brasil, vindo de uma carreira em grandes empresas como Microsoft e IBM.

O Google Cloud montou times focados em verticais promissoras como varejo, saúde, finanças, telecomunicações e mídia. 

Alguns grandes contratos já foram divulgados, incluindo os bancos BV e BS2, e, talvez o mais chamativo até agora, na Rede Globo.

Até agora, os contratos parecem ser fechados diretamente pelo Google (pelo menos, nenhum parceiro foi mencionado nas divulgações). Mas com a entrada de nomes como Falconi, isso deve mudar.