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Foto: Pexels.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) confirmou através de dados que os trabalhadores domésticos ficaram mais desprotegidos com a crise sanitária gerada pela Covid-19 no Brasil, segundo país com maior número de empregados do setor no mundo.
No país, 6,2 milhões de pessoas são trabalhadores da área, que tem a grande maioria (mais 90%) formada por mulheres. A China, com 22 milhões de domésticas, fica em primeiro lugar e a Índia, em terceiro, com 4 milhões.
Segundo a pesquisa da OIT, 61,6% da classe já não possuía carteira de trabalho assinada e houve corte de 34% nos salários no primeiro semestre de 2020. Além disso, 26,6% perderam o emprego e houve uma contração de 43% em horas de trabalho.
Contabilizando apenas os não registrados, a queda de ofertas de emprego foi de 29%. Elas também teriam ficado mais expostas às consequências da pandemia diante das brechas na proteção trabalhista e social, que cobre apenas uma em cada cinco trabalhadoras.
Em entrevista ao Uol, Claire Hobde, representante da OIT, explicou que menos de 40% desses trabalhadores têm acesso a proteção social, tendo perdido emprego e acesso a medidas de proteção com a chegada da pandemia.
Já Guy Ryder, diretor geral da organização, indicou que o Brasil é um dos signatários da convenção que protege os trabalhadores do setor, o que torna necessário garantir a proteção destes.
A OIT destacou, ainda, que as Américas registraram a pior situação de perda de empregos no setor de trabalho doméstico no auge da crise, com índices entre 25% e 50%, o que afetou as famílias que dependem desse tipo de trabalho para ter renda mínima.
Na maior parte dos países europeus, bem como no Canadá e na África do Sul, as perdas de emprego entre os trabalhadores domésticos variaram entre 5% e 20% Durante o mesmo período, o índice entre outros trabalhadores foram inferiores a 15% na maioria dos países.
O relatório ainda aponta que, desde 2011, houve queda de mais de 16% no número de trabalhadores domésticos totalmente excluídos dos regulamentos laborais, porém mais de 36% continuam trabalhando informalmente na Ásia e Estados Árabes.
"A crise realçou a necessidade urgente de formalizar o trabalho doméstico para garantir o seu acesso ao trabalho decente, começando pela extensão e implementação das leis laborais e de segurança social a todos os trabalhadores domésticos", avalia Ryder.