CRIME

Técnicos de informática tinham esquema na Caixa

Funcionários roubaram senhas e depois R$ 4,5 milhões.

03 de março de 2023 - 06:35
Esquema focava em contas sociais. Foto: Depositphotos.

Esquema focava em contas sociais. Foto: Depositphotos.

Um esquema criminoso na Caixa Econômica Federal tinha sua base em técnicos de informática, a base da pirâmide quando o assunto é tecnologia no meio corporativo.

Nesta semana, a Polícia Federal cumpriu um mandado de prisão preventiva e três de busca e apreensão relacionados com desvios de dinheiro no banco público federal. 

O funcionamento era simples. Técnicos que prestavam serviços de informática a agências da região metropolitana do Rio de Janeiro aproveitavam seu trânsito e suas credenciais para obter acessos privilegiados de uso restrito.

Assim, eles conseguiam senhas e perfis de acesso de outros empregados da Caixa, incluindo aí acesso às chamadas “contas sociais digitais” do banco.

As contas sociais foram criadas em 2020 pela Caixa durante a pandemia do coronavírus, para facilitar pagamentos relacionados com os programas sociais do governo.

As contas não têm custo e o uso é focado no aplicativo, com um limite mensal de créditos de R$ 5 mil. 

Segundo a Polícia Federal, a organização criminosa teria desviado mais de R$ 4,5 milhões de contas bancárias em novembro do ano passado. O dinheiro era transferido para projetos sociais de fachada, de onde era sacado.

A PF identificou a participação de um hacker que já se envolveu em outros ataques cibernéticos a contas bancárias.

A movimentação estranha foi farejada pela Centralizadora Nacional de Segurança, um órgão interno de fiscalização focado em segurança da informação, o que mostra que o banco tem alguma política de gestão de identidades, ainda que não a mais eficiente. 

A ação, batizada de "Acesso Restrito", é mais uma operação decorrente da Força-Tarefa Tentáculos e contou com a parceria da Coordenação de Repressão a Fraudes Bancárias Eletrônicas (CBAN), da recém-criada Diretoria de Combate a Crimes Cibernéticos da Polícia Federal, com a Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro.

Os crimes investigados abrangem peculato, violação de sigilo funcional, invasão de dispositivo informático e furto qualificado, cujas penas somadas podem ultrapassar 30 anos de prisão.