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Centenas de agentes e operadores da ViaQuatro e ViaMobilidade, duas concessionárias do metrô paulista, estão usando os óculos de realidade virtual MetaQuest 2 durante os seus treinamentos e reciclagens.
O projeto foi entregue pela Waba Extraordinary Agency, paulista atuante no setor de marketing imersivo, e custou R$ 150 mil. As duas empresas são controladas pelo Grupo CCR, por meio da holding Motiva.
Com a tecnologia, os colaboradores têm a oportunidade de vivenciar, em um ambiente seguro e controlado, cenários complexos de falhas técnicas, reconhecimento dos sinais de campo, evacuações de emergência e outros procedimentos estratégicos.
A ViaQuatro adotou um óculos para reciclar 320 agentes. Já a ViaMobilidade adotou cinco dispositivos em suas bases, os quais são usados toda semana por mais de 350 funcionários.
A diferença nas quantidades tem que ver com o tipo de operação que cada concessionária administra.
Responsável pela linha 4-Amarela de metrô de São Paulo, a ViaQuatro já contava com uma operação altamente automatizada, uma vez que seus trens são capazes de atuar por conta própria.
Neste cenário, o operador dos carros cumpre o papel de supervisor dos sistemas embarcados e da visão de campo do transporte, assumindo o controle manualmente em situações atípicas.
Para esses casos esporádicos, o treinamento era realizado in loco, afetando a continuidade das operações e o fluxo dos passageiros.
“Na linha 4 conseguimos mapear algumas formas de atuação através de um painel de controle manual em casos de falha. O treinamento para essas ocasiões sempre foi realizado de forma física. Com o óculos, nós adicionamos a reciclagem também de forma virtual”, aprofunda Alexandre Cabral, gerente de atendimento da ViaQuatro.
Já a ViaMobilidade, administra as linhas 5-Lilás de metrô e 17-Ouro de monotrilho em São Paulo, além das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda de trens metropolitanos do estado.
Nas ferrovias, o sistema usado é majoritariamente manual, sendo necessário a presença de um agente para tracionar, movimentar, parar no ponto e abrir e fechar as portas dos carros.
A maior ocorrência de intervenção humana nesses casos abre espaço, consequentemente, para mais chances de falhas operacionais na rotina da concessionária.
Além disso, o processo nas ferrovias se torna mais moroso ao ser manual, ao passo que apenas a linha 8 é composta por 22 estações que ligam Júlio Prestes a Amador Bueno, enquanto a 9 conta com 21 estações.
Juntos, os trajetos somam 80 quilômetros de extensão, com mais de dez localidades que compõem seu estacionamento e seis tipos de aparelhos de mudança de via, o que exige muito esforço e tempo de deslocamento dos operadores não só para executar ações, como também para passar por treinamentos e reciclagens.
Por conta disso, os treinamentos eram mais espaçados, o que acarretava eventualmente na perda de aprendizado por parte dos agentes, que não exercitavam os conhecimentos adquiridos na frequência ideal e não conseguiam sanar dúvidas.
Com a inserção dos óculos da Meta, os operadores da ViaMobilidade agora podem simular imersões na cabine do trem, operá-lo virtualmente, manipular dispositivos e sistemas computacionais, treinar ações, simular operações em campo diante da perda da telecomando e realizar mudanças manuais de via.
Ao todo, o projeto poupou ao menos uma hora e meia por pessoa em treinamentos para a administradora de linhas ferroviárias.
“Se você pegar uma turma, que geralmente é composta por 20 colaboradores, estamos falando de 30 horas de economia só de entrada. Isso gera bastante ganho no processo”, explica Rodrigo Silva, gerente do centro de controle operacional e tráfego da ViaMobilidade.
A ViaQuatro, por sua vez, conseguiu reduzir uma média de mais de 20 ocorrências de erros operacionais graves a zero incidentes com a adoção da tecnologia da Meta.
“Por outro lado, não tivemos economia de tempo, porque temos um período de reciclagem de três em três meses. Nesse ciclo, todos os nossos operadores passam por uma série de treinamentos necessários para o dia a dia da operação”, completa Cabral.
Na prática, ambas concessionárias passaram a usufruir de uma equipe mais atualizada e pronta para responder rapidamente aos desafios da operação e com segurança, reduzindo as falhas operacionais.
A partir de agora, a expectativa do Grupo Motiva é expandir o uso da realidade virtual, criando novos cenários de simulação, como treinamentos de trens mais complexos e situações climáticas adversas.
“Nós transportamos mais de um milhão de passageiros por dia. Inovar é essencial para garantir eficiência, segurança e uma melhor experiência para o cliente”, destaca Cabral.
No mercado há 25 anos, a Motiva possui 39 ativos em 13 estados brasileiros e mais de 16 mil colaboradores. O grupo é responsável pela gestão e manutenção de 3.615 quilômetros de rodovias, realizando cerca de 3,6 mil atendimentos diariamente.
Em mobilidade urbana, transporta diariamente 3 milhões de passageiros por meio da gestão de metrôs, trens, VLT e barcas. Em aeroportos, embarca 43 milhões de clientes anualmente com 17 unidades no Brasil e três no exterior.
Fundada em 2001, a Waba é liderada pelos sócios Sal Zammataro (ex-Ibope) e Sérgio Ferreirinho (ex-Mercado Livre), que também criaram a Hack the Pack, agência que se propõe a transformar embalagens em plataformas de realidade aumentada.
A Waba evoluiu de um estúdio de design digital para uma empresa que combina storytelling e imersão.