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Seth Ravin, CEO da Rimini Street, durante sua última passagem pelo Brasil, em junho. Foto: divulgação.
A Rimini Street, multinacional americana especializada em suporte terceirizado, vai continuar oferecendo suporte ao SAP ECC por mais 15 anos, nove anos a mais do que a fabricante alemã, que promete dar fim ao suporte em 2030.
Com o movimento, a SAP visa convencer seus clientes de maior porte a embarcar na migração para o S/4 Hana, a última versão do software de gestão rodando na nuvem.
A Rimini, por sua vez, vive de vender suporte terceirizado para clientes que não querem fazer upgrades.
“Estão tentando terminar o suporte para o ECC e fazer você mudar para uma nova versão, que é um processo extremamente caro. Nós estamos comprometidos com os clientes por 15 anos contados a partir de hoje, até 2039”, afirmou Seth Ravin, CEO da Rimini Street, em entrevista exclusiva ao Baguete.
De acordo com o executivo, muitos dos seus clientes estão planejando manter as versões do ECC pelo menos até 2030. Alguns, inclusive, fazendo pedidos para suporte depois de 2039. Na lista, estão nomes como a Americanas e a DPaschoal.
“Os sistemas atuais continuam funcionando e são grandes investimentos para os clientes. Rodando fábricas, rodando distribuição e rodando grandes varejos, como a Americanas. Algumas pessoas vão escolher mudar para outras versões, isso é ok, mas elas vão fazer isso em seu próprio tempo”, pondera Ravin.
Segundo o CEO, o gargalo dos varejistas está nas margens de lucro muito pequenas, que podem aumentar com a redução de custos em TI. Já na indústria, o que pesa são as customizações, que trazem riscos e custos “enormes” em qualquer mudança.
“Então, eles olham isso e dizem: ‘por que devemos mudar quando, realmente, o que queremos fazer é investir. Queremos reduzir o custo nesses grandes sistemas, que funcionam, e vamos usar esse dinheiro para comprar coisas novas, como analytics e AI’”, conta Ravin.
A Rimini também tem na lista de clientes nomes como Algar Telecom, CPFL, CVC, Drogaria São Paulo, Libbs, GRU Airport e Iguatemi. Sem dar mais detalhes, a empresa conta que alguns deles estão na SAP, outros estão na Oracle. Alguns mantêm o ECC, outros vão para as novas versões da SAP.
“O ponto mais importante é que nós damos escolha aos clientes. Ao invés de ser forçado pelo vendedor, nosso cliente consegue tomar decisões baseadas no seu negócio e no que é certo para ele” ressalta Ravin.
DIZER SIM A TUDO
Hoje, os serviços relacionados à SAP representam cerca de 30% do rendimento global da Rimini Street. No Brasil, o índice é ainda maior, embora o executivo não revele a porcentagem exata (quase todos os contratos divulgados no país envolvem a SAP).
Como estratégia para diversificar as fontes de receita, a multinacional também começou recentemente a oferecer serviços de suporte, segurança e consultoria para produtos VMware. Além disso, dá suporte a mais de 100 outros produtos, como o Salesforce.
A empresa ainda tem uma oferta chamada de Rimini Custom. Neste caso, mesmo sendo um produto de software que a companhia não dá suporte, o cliente pode pedir uma proposta de apoio customizado.
“Nosso objetivo é dizer sim a tudo. E essa é a nossa estratégia para se tornar o número um no mundo em serviços de TI. Meu objetivo é ver a gente emergir como o parceiro mais confiável no mundo de TI. Obviamente, nós vamos país por país. Cada lugar é diferente, os competidores são diferentes”, pondera Ravin.
OPERAÇÃO NO BRASIL
No Brasil, onde o executivo costuma passar uma semana por ano, o objetivo é o mesmo.
“Muitos dos competidores mundiais estão aqui, sejam competidores indianos ou de outros países, mas nós queremos ser os primeiros. E nós estamos crescendo rápido. Planejamos continuar a competir agressivamente no mercado brasileiro, nosso objetivo é ser o primeiro”, afirma Ravin.
A presença relativamente frequente do CEO mostra a importância do mercado brasileiro para a companhia, que tem operações em 22 países e em todos os 50 estados americanos.
“Quando eu falo sobre o quão importante o Brasil é, obviamente nós temos alguns dos maiores clientes do mundo aqui. E isso vai continuar a crescer. Nós continuamos a focar e a investir em nos tornar uma parte muito maior do mundo da TI aqui”, destaca Ravin.
De acordo com o CEO, o país está se tornando um dos centros de serviços da companhia para todas as Américas e o mundo.
“É por isso que temos centenas de engenheiros trabalhando aqui, não só para o Brasil, mas para todo o mundo. Então o país está desempenhando uma parte extremamente importante da estratégia global da Rimini Street”, afirma Ravin.
Há quase 10 anos no Brasil, a Rimini tem hoje cerca de 250 pessoas baseadas no seu escritório em São Paulo e planeja crescer o time “substancialmente” nos próximos anos.
No futuro, a ideia é ter novos escritórios no Sul, Norte e, provavelmente, no Rio de Janeiro. Como tem investido em negócios com o governo, a empresa também pretende ter uma unidade em Brasília.
“Nós já temos pessoas em todos esses lugares, mas ainda não temos instalações. Há talentos muito bons em diferentes partes do país. Claro, é um país difícil, tão grande e as cidades estão distantes. Mas há talento em cada uma dessas áreas e queremos ganhar vantagem com isso”, explica Ravin.
Além disso, os planos da multinacional incluem construir uma instalação muito maior na capital paulista para alcançar “centenas” de empregados.
“É claro que o Brasil tem seus desafios únicos com regulações governamentais e taxação, que são alguns dos mais desafiadores do mundo, mas há tantas coisas boas, realmente boas ideias. Quando lançamos novos serviços, o país é frequentemente o primeiro a vendê-los, com as primeiras empresas a incorporá-los. O Brasil é um líder em pensamento e inovação de TI”, afirma Ravin.
A companhia não divulga sua receita local, somente nos Estados Unidos, onde tem capital aberto. No seu país de origem, faturou US$ 431,5 milhões em 2023, alta de 5,3% em comparação com o ano anterior. A receita somada de todo resto do mundo se aproxima à dos EUA.