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RS terá curso de tecnologia top

Dentro do Prado Bairro Cidade, Itec tem investidores badalados e localização exclusiva.

21 de agosto de 2025 - 06:22
Lucas Giannini, CEO da Fundação Behring, Cristiano Franco, Marcelo Lacerda e Sérgio Pretto. Foto: Divulgação.

Lucas Giannini, CEO da Fundação Behring, Cristiano Franco, Marcelo Lacerda e Sérgio Pretto. Foto: Divulgação.

O Rio Grande do Sul deve receber em breve uma nova de instituição de ensino superior na área de tecnologia, uma iniciativa que parece sem precedentes no mercado local.

Vamos por partes: o novo Instituto de Tecnologia e Computação (Itec) acaba de começar as obras em Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, com conclusão prevista para 2026.

O plano de investimento é de R$ 400 milhões nos primeiros dez anos. A primeira turma de alunos deve iniciar as aulas em março de 2027, contando com 60 estudantes na fase inicial do campus, chegando a 400 estudantes simultâneos até 2036.

O projeto é sem fins lucrativos e foi idealizado por Cristiano Franco, fundador da Poatek, uma empresa de desenvolvimento de software vendida para WillowTree, uma concorrente americana em 2021.

Na época, a Poatek tinha 160 funcionários e a venda foi anunciada como “a aquisição em valores de uma empresa gaúcha da área de tecnologia”, meses depois da Locaweb ter pago mais de meio bilhão pela Bling, de Bento Gonçalves. 

(Dois anos depois, a própria WillowTree foi comprada  pela empresa canadense de serviços de tecnologia Telus International, por US$ 1,2 bilhão, o que talvez tenha rendido mais algum para Franco).

Além de Franco, também estão na empreitada fundadores como Marcelo Lacerda e Sérgio Pretto, pioneiros da Internet brasileira e fundadores do provedor de acesso Nutecnet, que eventualmente deu origem ao Terra. 

Também estão no barco a Fundação Behring (familiar, sem fins lucrativos), que apoia jovens e iniciativas sociais, e a Telles Foundation, entidade voltada ao acesso à educação por jovens de baixa renda.

A presença das fundações e o caráter não lucrativo do negócio se explicam pelo público alvo: a proposta do Itec é dedicar 70% do orçamento à concessão de bolsas de estudos, integrais ou parciais. 

“O foco do Itec é muito em conciliar esse espaço comum que integre esses mundos e potencialize os jovens independentemente da origem deles”, disse Franco ao Valor Econômico. O modelo busca “maximizar o potencial de mobilidade em jovens talentos”.

Parte desse conceito é que os estudantes morem no campus, como já acontece em universidades americanas. Instituições referência na área de tecnologia como Caltech, Carnegie Mellon University e Harvey Mudd College são os benchmarks.

O ITEC será construído num terreno de 20 mil hectares doado pelos sócios do condomínio Prado Bairro Cidade, um condomínio fechado (ou bairro privado, como preferem os criadores) de mais de 52 hectares.

O Prado tem ele mesmo nomes de muito peso por detrás, como o empresário Carlos Gerdau Johannpeter, da família Gerdau e a família Pavei, dona da empresa de construção de edifícios de luxo Pavei Empreendimentos.

O empreendimento é uma evolução dos condomínios fechados que na última década começaram a brotar em Gravataí às margens da Freeway, uma estrada que liga Porto Alegre ao litoral gaúcho.

O conceito do bairro inclui um parque tecnológico para empresas, o PradoTech, um investimento de R$ 200 milhões que espera atrair 120 empresas e criar 5 mil empregos.

Complementa a abordagem um fundo de investimento em startups com R$ 20 milhões de capital, operado pela Ventiur, uma aceleradora de startups gaúcha com atuação nacional. 

Os planos incluem também uma unidade do colégio Sinodal, uma instituição de ensino luterana também sediada em São Leopoldo, com ensino bilingue e parceria com universidades americanas e também o Prado Ciudadela, uma área multiuso com restaurantes, supermercado, hotel, banco, shopping center e prédios para consultórios, escritórios e apartamentos.

CREDENCIAIS ACADÊMICAS

O currículo do Itec foi desenhado pela brasileira Giselle Reis, líder do programa de Ciência da Computação da Universidade Carnegie Mellon no Qatar. 

Entre os orientadores do projeto e integrantes do conselho acadêmico estão a cientista da computação canadense Maria Klawe, ex-presidente da Harvey Mudd College e ex-conselheira da Microsoft, e o cientista da computação brasileiro Luis Lamb, que atua no Catholic Institute of Technology, em Boston (EUA).

Lamb é muito conhecido no Rio Grande do Sul, onde foi secretário de Ciência e Tecnologia, pró-reitor de Pesquisa da UFRGS e diretor do Instituto de Informática da federal gaúcha.