
Angra 1, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
A J&F Investimentos, a holding controlada pelos Wesley e Joesley Batista acaba de comprar a Eletronuclear, dona das usinas nucleares Angra 1 e 2, no Rio de Janeiro.
Por meio da Âmbar Energia, subsidiária da J&F no setor elétrico, os irmãos passam a deter uma participação de 68% do capital total e de 35,3% do capital votante da Eletronuclear, que segue controlada pelo governo, por meio da ENBPar.
O preço é R$ 535 milhões, além de assumir responsabilidade pelo pagamento de R$ 2,4 bilhões de títulos de dívida emitidos pela Eletronuclear no Brasil.
A Eletrobras foi privatizada em 2022 e quer se concentrar em suas operações de geração e transmissão.
Os irmãos Batista, por outro lado, vem apostando na diversificação para além da JBS, hoje uma das maiores empresas de carne do mundo.
Provavelmente, a J&F está apostando no aumento de consumo de energia no país, turbinado entre outras coisas pela construção de grandes data centers para abrigar aplicações de inteligência artificial.
Centros de dados desse tipo precisam de energia constante, e, se der, limpa, dois critérios nos quais as usinas nucleares se encaixam.
Nos últimos tempos, inclusive, reapareceu a Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares, que tem promovido alguns eventos sobre o tema em São Paulo.
Apesar do agito, a J&F é ainda o único player privado com um pé em geração de energia nuclear no Brasil, responsável por cerca de 2% do consumo total.
A usina Angra 1, com uma potência instalada de 640 megawatts foi inaugurada ainda em 1985; Angra 2, com 1.350 MW é de 2011.
Angra 3, um projeto que entre indas e vindas se arrasta desde os anos 80, deve ter uma capacidade de 1.405 MW quando concluída, o que não está claro se vai acontecer.
As usinas ativas em Angra têm fluxo estável de receitas. A Eletronuclear registrou receita líquida de R$ 4,7 bilhões e lucro líquido de R$ 545 milhões em 2024.