
Balão ficará a 18,2 kms de altura. Foto: flickr.com/conexaominicom
Na última sexta-feira, 6, o Ministério das Comunicações e o Google lançaram balões de internet no Aeroporto Nossa Senhora de Fátima, na capital piauiense.
Os balões são os primeiros a percorrer uma longa distância em uma latitude próxima da linha do Equador. A iniciativa faz parte do projeto Loon, que contou com testes semelhantes na Nova Zelândia e na Califórnia em 2013.
A conexão 4G foi fornecida pela Vivo e pela Telebras, e retransmitida por um balão do Loon para uma antena especial instalada no telhado da escola onde se localizava uma turma do 9º ano.
A Escola Linoca Gayoso, da comunidade de Água Fria, município de Campo Maior, teve, pela primeira vez, uma aula com acesso à internet.
Para o ministro das comunicações, Paulo Bernardo, a iniciativa vai ao encontro dos objetivos do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL).
"O Governo Federal considera prioridade o avanço do uso da internet em todas as camadas da população. Dado o tamanho do nosso território e as dificuldades geográficas, todas as inovações são bem-vindas. O projeto Loon pode apontar soluções criativas para regiões de mais difícil acesso na busca da universalização da oferta do acesso à internet em banda larga", defendeu.
O presidente do Google Brasil, Fabio Coelho, ressaltou a importância do projeto.
"Estamos honrados por termos sido convidados pelo governo brasileiro para testar o Loon aqui. Para nós, isso mostra que o Brasil reconhece a importância da internet para impulsionar o desenvolvimento econômico e a educação", comenta.
LOON PROJECT
O Loon Project consiste em enviar legiões de balões a 18,2 km de altura – dobro da altitude de aviões comerciais – que, estando livres para aproveitar as energias naturais do vento e do sol, criam uma rede mundial de conectividade. No solo são colocadas outras antenas, que se conectam às dos balões, para estabelecer o acesso à internet.
A junção do poder de computação da empresa com os dados sobre a direções dos ventos, em tese, fará com que a navegação dos balões ao redor do mundo seja auxiliada, oferecendo velocidades 3G para todos em qualquer lugar que estejam.
Até o momento, o Loon foi testado apenas na Nova Zelândia e nos Estados Unidos, em um projeto-piloto ainda não implementado comercialmente.
CONEXÃO
A iniciativa é muito bem-vinda no estado de Piauí, já que a disponibilidade da internet na região beira 42% por parte da operadora Oi e 94% pela NET. Aliás, há um indício de duopólio das operadoras, que são as únicas a disputarem o mercado piauiense. Em São Paulo, existem cinco teles.
Além disso, a velocidade média na região era de 1,08 mbps em dezembro de 2013, chegando até 11 mbps, segundo dados da Teleco. O Rio de Janeiro, primeira colocada, tem velocidade média de 1,18 mbps, chegando a 18,46 mbps.
A melhoria na qualidade da velocidade da região tem relação com o Programa Nacional de Banda Larga, lançado em 2010, que prometia 30 milhões de acessos fixos e 60 milhões de conexões móveis até este ano.
E parece que tem dado certo, já que dados divulgados pelo Nielsen afirmam que o número de brasileiros que moram em domicílios com acesso à internet chegou a 76,6 milhões em outubro de 2013. Desses, 42,6 milhões - 55% - já têm conexão com mais de 2 Mbps.
Para o feito, foi investido algo em torno de R$ 18 bilhões em banda larga fixa e R$ 31 bilhões em banda larga móvel. Além disso, o Ministério das Comunicações atuou em diversas frentes.
Entre elas, a desoneração de redes e terminais de acesso, a expansão da rede pública de fibra óptica (administrada pela Telebras) e até mesmo no programa de desoneração de smartphones. Também implementou a chamada banda larga popular, com internet na velocidade de 1 Mbps ao valor de R$ 35 mensais (com impostos).
No entanto, os esforços para o acesso não garantem, necessariamente, a qualidade da conexão. Um levantamento realizado pela empresa de tecnologia americana Akamai mostra que o Brasil teve uma velocidade média de 2,4 mbps em 2013.
Países como Malásia, México e Cingapura têm velocidade média da internet banda larga maior que a do Brasil. Na Coreia do Sul, onde foi detectada a média mais alta, a velocidade é cinco vezes maior.