CRISE

Procempa: meio alagada, mas com data center rodando

Técnicos lutam contra o tempo para manter serviços públicos funcionando em Porto Alegre.

09 de maio de 2024 - 11:51
Procempa escapou do pior. Foto: Alex Rocha/PMPA

Procempa escapou do pior. Foto: Alex Rocha/PMPA

A Procempa, empresa municipal de tecnologia de Porto Alegre, conseguiu manter o seu data center funcionando, mesmo tendo a sede da empresa parcialmente alagada em meio a enchente que afeta Porto Alegre há quase uma semana.

Desta forma, todos os serviços ligados à prefeitura seguem funcionando, como o 156, o portal da prefeitura, agendamentos de saúde, entre outros.  

Nesta terça-feira, 7, a água entrou dentro da sede da Procempa, localizada na Avenida Ipiranga, uma via construída aos dois lados de um rio na capital (algo como uma Marginal Pinheiros gaúcha).

Com a inundação, a Procempa teve que desligar um data center secundário, o DC2, bem como o Centro Integrado de Comando (Ceic).

Felizmente, nos dias anteriores técnicos da Procempa haviam antevisto a possibilidade da água invadir a empresa, e transferiram os sistemas do DC2 para o DC1, o data center principal da empresa, localizado dois andares acima.

Os andares extra protegem os equipamentos da água e o local é mantido ligado por um gerador a diesel abastecido de seis em seis horas.

A operação da Procempa se mudou para a sede da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre, localizada no Três Figueiras, um bairro majoritariamente residencial numa área mais elevada da cidade.

De lá, a Procempa consegue manter a comunicação entre diferentes partes do governo municipal, que são unidas por uma rede própria de fibra ótica de 800km.

A Claro cedeu modems 4G para que as equipes presentes nos postos de atendimento de emergência possam trabalhar.

A situação da Procempa contrasta com a da Procergs, a estatal estadual de tecnologia de Rio Grande do Sul, situada a pouco mais de dois quilômetros de distância.

As duas empresas (e uma parte significativa da cidade) foram inundadas depois de que a mesma estação de bombeamento de água fosse desligada por falta de energia elétrica, na segunda-feira, 6.

Mas no caso da Procergs as consequências foram bem mais sérias. A empresa, situada a pouco mais de um quilômetro do Rio Guaíba, desligou o seu data center na mesma segunda-feira.

A decisão foi tomada para tentar preservar os equipamentos e evitar um colapso total da rede, uma vez que o local estava sendo tomado pela água, que atingiu o quadro elétrico, no-breaks e geradores.

A empresa não tem um data center secundário e vinha numa tentativa frenética de migrar os sistemas para a nuvem desde a sexta-feira, 3, quando a água já tomava outros bairros da capital.

Foram mantidos os sistemas da Defesa Civil, Saúde e Segurança Pública em razão da crise enfrentada pelo estado, segundo o centro. Os sites do governo gaúcho e serviços prestados pela Procergs ficaram inoperantes e sem previsão de volta. 

Os arredores da empresa seguem tomados pela água.

Certamente contou pontos para a Procempa o fato do seu data center estar em um prédio relativamente novo, inaugurado ainda em 2012.

Projetado pela Aceco TI, uma das líderes no tema data center no Brasil, o centro substituiu uma estrutura que vinha sendo remendada desde os anos 70.

Já a Procergs segue operando no mesmo prédio construído para a empresa nos anos 70 e parece ter colocado as fichas em computação em nuvem como uma alternativa, ou uma complementação, do seu data center.

Em 2022, a Procergs liderou uma compra conjunta de nuvem por 11 estatais de tecnologia em todo o país. Foram adquiridos serviços da Oracle, Huawei Cloud e AWS, em uma licitação ganha pela Datacentrics, uma empresa de Porto Alegre.

Para ser justo, é preciso ter em conta também que a operação da Procergs é mais complexa que a da Procempa, incluindo mainframes e sistemas mais antigos do governo do estado.