
Leorys Colletes, diretor de Tecnologia da Informação da Positivo. Foto: divulgação.
A Educacional, empresa que faz parte do grupo Positivo Tecnologia, contratou a Sensedia, empresa paulista de tecnologia para gestão de APIs, para criar uma plataforma com a qual conecta soluções da empresa na área de educação com 50 diferentes edtechs, rodando 100% na nuvem da AWS.
Com a novidade, a companhia pode oferecer uma gama extra de apps especialistas focados nas disciplinas de português, matemática e STEAM (sigla em inglês para ciências, tecnologia, engenharia, artes e matemática).
Também fazem parte agendas digitais, ferramentas de videoconferência, comunicação, sistemas acadêmicos, classes digitais e outros aplicativos usados por educadores e estudantes.
Na solução, estão desde startups como Aprimora, Kiduca e Descomplica até nomes globais como Zoom, Google for Education e Microsoft Teams.
As instituições de ensino clientes acessam a plataforma com todas as soluções por meio de um único login e senha, Face Id ou crachá.
Essas escolas podem, então, customizar as ferramentas de acordo com sua necessidade, combinando o conteúdo das edtechs. Uma vez que a edtech é acionada pela escola, ela é remunerada pela Educacional.
Neste processo, a Sensedia conectou as startups com a Educacional e entre si. Para isso, desenvolveu APIs para a integração das soluções e a comunicação entre os desenvolvimentos feitos na arquitetura de microsserviços.
“Para eu chegar em 200 edtechs, eu não consigo simplesmente colocar o arquiteto de tecnologia da Educacional para falar com o arquiteto de tecnologia de uma edtech. Isso não escala. Então você pega uma infraestrutura robusta e coloca essa infraestrutura para trabalhar pra você”, explica Adilson Cavati, diretor de vendas da Sensedia.
O kick off do projeto foi em setembro de 2021 e o projeto mínimo viável (MVP, na sigla em inglês) entrou no ar em dezembro. Com o intuito de pegar o período de volta às aulas em algumas escolas, foram colhidos feedbacks e começou-se a colocar a inteligência para captar os dados.
Em junho de 2022, a companhia lançou a versão comercial da plataforma e, desde então, já houveram algumas atualizações. A versão final da Suite Pedagógica vai entrar no ar no ano letivo de 2023.
“O motivo de trazer uma empresa com o know how da Sensedia foi essa agilidade, nós sabíamos que tínhamos um tempo para colocar esse projeto no ar e eles atenderam. Foi um namoro que virou casamento, um grande parceiro em uma jornada de longo prazo”, conta Leorys Colletes, diretor de Tecnologia da Informação da Positivo Tecnologia.
A infraestrutura da AWS é utilizada para o barramento de serviço junto com a Sensedia. Além disso, a gigante de nuvem tem o EdStart, que fomenta edtechs, e algumas parcerias estão sendo construídas neste sentido.
No total, o projeto envolve pelo menos 60 pessoas da Educacional e oito pessoas da Sensedia. Com metodologia ágil e scrum, a estrutura da paranaense conta com quatro tribos de seis squads.
A plataforma já conta com 5 milhões de usuários conectados, entre alunos, professores, gestores e pais.
Agora, o diretor conta que a equipe está na fase de inteligência artificial, ampliando os dados estatísticos para conseguir individualizar o ensino através de machine learning.
“Começamos a entender o desempenho do aluno, a olhar a possibilidade de evasão escolar, visualizar onde ele tem mais dificuldades e começar a colocar soluções na sua jornada de aprendizado para aprimorar aquilo que falta ou acelerar aquilo que ele tem de melhor”, explica Colletes.
Se um aluno estiver mais avançado que a turma, por exemplo, pode ter um desenvolvimento individual. Ou, no caso oposto, poderia ter um aprimoramento separadamente para, depois, alcançar a turma.
RELAÇÃO COM AS EDTECHS
Antes da Suite Pedagógica, a Educacional já tinha uma relação com as edtechs em termos de integração, através do projeto embrionário Hub.Educacional. Desde 2019, a plataforma com função mais técnica já integrava todas as soluções tecnológicas que as escolas clientes utilizam.
“Como o hub nasceu para uma gestão operacional técnica, a gente tinha o contato com elas para isso. As instituições tinham algumas soluções com as quais a Educacional se conectava para que as escolas tivessem uma experiência de relacionamento operacional com elas para utilizarem o nosso serviço de barramento”, conta Colletes.
No novo projeto, foram expandidas as funcionalidades do hub para formar um ecossistema que reúne o Hub.Educacional e a Suite Pedagógica, hoje chamado de Plataforma Educacional.
“Cada um tem um propósito. O hub tem uma função um pouco mais técnica, de permitir essas conexões para ter uma jornada digital nas escolas. A Suite visa a parte pedagógica, para aprimorar a educação através de tecnologia”, explica o diretor.
Até 2024, o objetivo da Educacional é chegar a 200 edtechs, atingindo um portfólio diversificado para atender a demanda do produto.
“A nossa ideia não é concorrer com elas, é trazê-las para o ecossistema pelo propósito da educação. Eles estão entendendo isso e nós somos um grande canal de entrada, também fomentamos elas. Temos total interesse em que nasçam cada vez mais edtechs e se conectem a esse sistema. Queremos que todos ganhem”, destaca Colletes.
OPEN EDUCATION
Segundo a companhia, o desenvolvimento dessas soluções já antecipa um movimento chamado open education, em que, por meio de APIs, empresas podem colaborar entre si, trocando informações sobre os clientes com o objetivo de desenvolver novas soluções.
"O desenvolvimento de uma plataforma capaz de agregar várias soluções demanda um bom gerenciamento de APIs capazes de permitir a comunicação entre softwares com diferentes linguagens. Colaborar com um projeto que ajudará no desenvolvimento e na democratização da educação é algo que nos deixa orgulhosos”, afirma Oliveira.
Fundada em 1989, a Positivo Tecnologia conta com 2 mil colaboradores e teve receita de R$ 4 bilhões em 2021, um crescimento de 54% em comparação com o ano anterior. A empresa detém as marcas Positivo, Vaio, Positivo Casa Inteligente, Anker e 2AM, além da Educacional.
A Educacional é uma empresa que desenvolve e oferece soluções educacionais personalizadas para escolas, redes de ensino e entes públicos do setor da educação. O intuito é conectar pais, alunos, escolas, edtechs, editoras, empresas nacionais e internacionais em um ecossistema único.
Já a Sensedia é resultado de um spin off da CI&T, uma grande companhia campinense na área de desenvolvimento de software (com grande presença internacional, inclusive), ainda em 2006. As duas ainda têm uma relação próxima.
Hoje com mais de 850 pessoas no time, compõe a AWS Partner Network (APN) e é membro do marketplace da AWS.
Em abril do ano passado, a Sensedia recebeu um aporte de R$ 120 milhões liderado pela Riverwood Capital. A empresa fechou 2022 com um faturamento de R$ 185 milhões, alta de 42% frente aos resultados do ano anterior.
Entre os seus clientes, estão nomes como Novartis, Stefanini, SulAmérica, Natura, Cielo, Honda, Cinemark, Elo e Netshoes.